sábado, 18 de abril de 2009

CAIS

Para um nocturno mar partem navios,
Para um nocturno mar intenso e azul
Como um coração de medusa
Como um interior de anémona.
Naturalmente
Simplesmente
Sem destruição e sem poemas,
Para um nocturno mar roxo de peixes
Sem destruição e sem poemas
Assombrados por miríades de luzes
Para um nocturno mar vão os navios.
Vão
O seu rouco grito é de quem fica
No cais dividido e mutilado
E destruído entre poemas pasma.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Mar Novo

1 comentário:

Anónimo disse...

Sofia, sempre Sofia!!! adoro Sofia MB! é só olhar para a frase do meu cabeçalho do Blog :)