sábado, 31 de janeiro de 2009

fim de mês

é aos muros derruídos

hhh A tua voz vem dos quintais arrabaldes: estreitos pomares exíguos canteiros poligonados onde as dálias se fanam quando chega o seu tempo. nnn é aos muros derruídos que se encostam os renques de prímulas. nnn o saibro desprende-se com o vento um lençol acena quando doloroso um arrepio percorre esse mundo um cano velho amputado goteja sempre apesar do trapo que lhe entala a boca.hhh adormece-se a gente desta maneira fácil: os ossos doem como se por muito tempo os forçássemos. hhh quem te habitou os dias ganha os poucos dias que restam desvela-se na criação de uma vinha enfezada contorcida que dá um tonel pequeno de vinho azedado.kkk das mansardas debruçadas sobre as traseiras são coisas solitárias que pendem: uma peúga esburacada um lenço uma corda bamboleada de nós muito lassos.
jjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjjj
Mário Cláudio, Janeiro
as máscaras de sábado

JANEIRO

Há uma ténue neblina, ingrato escol de um começo;
promessas a quem advinha, em rol, com que despeço
os restos gastos, os impróprios, de um ano já antigo
e me juro - faustos solilóquios - ser melhor comigo.

O calendário dobrou da folha e por completo.
Vagueio-me pelo futuro e sonho que desperto
a ouvir a pergunta infinda e funda de Neruda
entre o Dezembro e o Janeiro que mês muda?

Dias pequenos como a vontade de esperar três centenas
(dias curtos, metade, são melhores para cumprir penas).
Deito-me cedo - perdi o medo - à espera de um Fevereiro:
E no ano todo vou andar ao arremedo. Todo, por inteiro.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Bola



A II Guerra Mundial estava perto do fim e três homens tiveram uma ideia à mesa de uma café de Lisboa: fundar um jornal desportivo. Ribeiro dos Reis (tenente-coronel), Vicente Melo (empresário) e Cândido de Oliveira (antigo empregado dos Correios) criaram o jornal A Bola, cuja primeira edição saiu para as bancas a 29 de Janeiro de 1945, há exactamente 64 anos. Custava um escudo e foi mais um legado deixado ao país por Cândido de Oliveira, o mais conhecido dos três fundadores. Seleccionador nacional de futebol em várias ocasiões (1926-29, 1935-45 e 1952), Cândido de Oliveira lançou-se definitivamente no jornalismo quando regressou do Tarrafal, onde esteve preso por ter sido agente secreto ao serviço dos britânicos.
Jornal Público 29.01.2009 H.D.S.

Festival de Banda Desenhada de Angoulême



O festival de Banda Desenhada de Angoulême tem o seu inicio hoje, sendo marcado por um aumento de vendas do mercado franco-belga, tendo este aumento como campeão Titeuf, do suíço Zep, que pessoalmente aconselho a quem quiser dar umas boas gargalhadas

Super Trooper preview

A concepção da ideia teve uma preciosa cúmplice, nomeadamente ao nível do artista.

A qualidade do vídeo e a "amadora" - eufemismo - realização são da minha inteira responsabilidade.

Desejos em triste altura


John nasceu na Pensilvânia em Março de 1932. Formou-se em Harvard e escreveu poesia, ensaio, conto e muitos romances. Ganhou muitos prémios. Partiu segunda, 27 de Janeiro. Mas deixou imenso.

Depois de Bellow (2005), agora que (ainda) muito viva Roth e que (ainda) muito escreva Vidal.

Romance III

«"E é como lhe estou a dizer, senhor doutor, se a Junta não fizer nada para resolver o problema, não sei como será no próximo Verão..." - queixava-se o senhor Lopes, merceeiro, recentemente auto-proclamado empresário; se as obras de remodelação do espaço o tinham feito gastar as poupanças de uma vida, em nome do progresso e do turismo na terra, algum benefício pessoal, em jeito de consolo, deveria daí poder tirar, que raio! Agora que era proprietário não de uma mercearia mas de uma coisa a que na cidade davam o nome de "média-superfície".
Contudo, ao longo da conversa que estava a ter com o senhor doutor Luís, o senhor Lopes sentiu que algo se tinha passado... Uma leve e súbita mudança na atenção que o seu interlocutor lhe estava a dar.
Um silêncio incómodo e trapalhão tinha-se instalado entre eles. E Luís parecia agora olhar para lá do senhor Lopes.
A verdade é que, num despreocupado relance de canto, Luís tinha sentido um familiar aperto no estômago que antecedia sempre aqueles momentos de verdadeira revelação. A sua primeira reacção foi que não podia ser verdade. Não era mesmo possível... Ele via-se e desejava-se para estar noutro lugar, na companhia dela... Seria normal que os seus sentidos lhe pregassem estas partidas.
Contudo, do mesmo passo, ainda assim, atreveu-se a reparar com maior cuidado... Engolindo em seco, viu... era mesmo ela! Não tinha mudado nada durante aqueles anos todos.
Um breve sorriso pareceu desenhar-se no rosto de Eugénia. Luís estremeceu. Os seus olhos d'agua marinha continuavam a transmitir aquela marítima sensação de serenidade por onde ele já se tinha perdido em tempos... nos mesmos tempos que constantemente recordava e que também agora eram os responsáveis por esta vontade de reencontro concretizado. Eugénia parecia querer dizer-lhe "Eu vim... Estou aqui."
Após despedir-se educadamente do senhor Lopes, ainda incomodado com a aparente desconsideração do senhor doutor, Luís começou a caminhar para Eugénia. À beira do bar, segurando na mão uma contemplativa cerveja, sorria em jeito de desafio e, ao mesmo tempo, de interrogação. Um convite? Luís estaria prestes a descobrir, disso estava certo.
Na última noite de Verão, junto ao mar, todos os sonhos haveriam de voltar a ser possíveis. Os sonhos de um estio há muito esperado.»
Alexandre Villas-Diogo, "Sonhos de Estio"

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Não digo adeus.




rrrrr
rrrrr
rrrrr
rrrr

Não digo adeus. Não. Sento-me
à varanda do mar e respiro azul
a tarde inteira
. Já só
te imagino
(blusa vermelha a destoar a neblina da manhã,
saco de marca sem pertences interiores,
lenço de dizer partida recolhido na vergonha).
Saudade de ter saudades. Depois
da igreja que abençoou uma desforra,
só um acaso me compete
com o lodo e as algas.
Nada posso construir na areia
(já antes o não fizera
com os teus braços).
Há uma cama vazia onde me deito,
e continua –
sempre assim –
pelo escuro fora.
A manhã chega-se sem aviso
e recordo uma vez outra, e outra,
a tua partida.
A cada dia me despeço dos dias
com um cerimonial mais lento.
Mas não preciso de me repetir
que é a tua falta.

O mar faz de tela


rrrrr
rrrrrrr
rrrrr
rrrrrr
rrrrrr
rrrrr
rrrrrr
rrrrrr
rrrrrrr
rrrrrr
rrrrrrrr
rrrrrrrr
O mar faz de tela, ao fundo,
socorrendo-se do infinito para
curvar o areal.
Ela finge não olhar
e reparte o cabelo em
gesto de mão dupla.
Vira-se num arrepio de poder.
Obriga-me a percorrer-lhe o corpo.
Subo e desço aflições.
E penso doravante. Como se esta
palavra bonita
mas (aqui) sem nexo
me chegasse a ela.
Perco o tino da beleza
que lhe acrescento.
Doravante.
Esvazio o vazio que guardara
ao seu preenchimento. E
espero que ela corra,
que estou perdido.
O mar também está
agora por encher.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Definição

Estorva-me o pio
dos que declinam palavras gastas,
e dizem não a todos os impossíveis.
Gostava de substituir o desgosto deles
por um poema de cristal
confundido na transparência
de um rio de pérolas.
E talvez dizer-lhes, em jeito
de infinito,
que amar é uma forma verbal.
Ou, nesses casos,
talvez nem tanto.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Se a música

Se a música conseguisse suspender
o tempo,
não sei que acorde me bastaria
em ti. e se
o silêncio da sombra
a que me habituei
permitiria escancarar-se
à tua luz.

Sei que a tentativa são asas,
mesmo se nem voam.
Predispõem.
Pressagiam.
Consomem-se no gesto
que -
como um fugaz começo –
te completa.

Retrato



uuuuuuuuuu

hhhhhhhhhh

kkkkkkkkkk

çççççççççç

É uma respiração contida
que recolho do retrato,
e colho o verde
que te fingia os olhos de esperança.

Amareleceram os cantos
da composição,
junto ao níquel pardacento
que esborratou
de imitação do tempo,
junto à tua mão a revoltar-me
os cabelos ainda loiros,
junto ao meu sorriso
que agora
se documenta amarelo.

Tinhas uns calções
em tom de tâmara,
ridículos,
agora,
nos ciclos da moda.

E, afinal,
ridículo é eu continuar
a ver-te azul
como o céu que se espraia
nesta tarde de maio,
espreitado de uma janela
excessivamente só minha,
quando me distraio do teu retrato.

Tão raro. Mas é
quando me distraio do teu retrato.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Raphael Bordallo-Pinheiro


Raphael Bordallo-Pinheiro nasceu em Lisboa, 21 de Março de 1846 e faleceu a 23 de Janeiro de 1905. Foi um artista de obra vasta dispersa por largas dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico em Portugal, desenhador, aguarelista, ilustrador, decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista e professor. O seu nome está intimamente ligado à caricatura portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo próprio que a levou a uma visibilidade nunca antes atingida. É o autor da representação popular do Zé Povinho, que se veio a tornar num símbolo do povo português. Entre seus irmãos estava o pintor Columbano Bordalo Pinheiro.

Fonte: wikipedia

..................... janeiro.....................

é esta a completude dos dias
quando se reunem sobre a cidade
os sossegos da nossa idade já meiga.
são estas as palavras que ficam
desde o interior do nosso mais antigo nome.
kkkkkkkkkkkkkkkkk
é o inverno aberto de janeiro
com as árvores despidas e o frio azul,
é o ano que começa no tempo que é nada,
os bolsos que se enchem de mãos,
as casas que parecem mais juntas.
hhhhhhhhhhhhhhhhhhh
por esta altura estarão a nascer
as horas mais felizes das nossas vidas
- bebemos chá escutando o lume
e amanhã será um dia a menos,
um outro som acrescentado à voz,
um abraço fechando-se até ao amor.

Vasco Gato, Um mover de mão, Assírio & Alvim

Amor em Santorini

O amor é sempre mais quente nestas paragens
(com agradecimento ao mail de MPG)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Um tal (II)

Uns anos antes, ainda a idade lhe transmitia ao corpo o vigor da mente, perdera-se no Ultramar com a venda de refrigerantes gasosos. Espuma, a sua import-export, dera brado no comércio do pirolito. Durante a visita do almirante, emprestou o espada conversível, para gáudio dos poderes da Metrópole. Hoje, volvidos tantos anos, dá-se a si por certo que foi o começo da desgraça: o veículo faiscava em ambas as portas o anúncio do refresco e, numa transformação fantástica, emitia sonoridades que imitavam o pisar de um rabo-de-gato. Dias depois, recebeu uma missiva timbrada que o responsabilizava pelo desabono dos comentários que as instâncias internacionais, disfarçando ingrato gozo, teciam ao colonialismo lusitano. Foi-lhe acrescentado que os apoios oficiais morriam ali mesmo, como os vapores do gás.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

xxxxxxEleanora,xxxxxo que pensas, já o deixei de pensar.
Não te deixes iludir porque pequenas palavras podem ter a
sombra das grandes.

maria gabriela llansol,
lisboaleipzig 1
o encontro inesperado do diverso





(depende da luz de quem as lê)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Paul Cézanne



Paul Cézanne nasceu em Aix-en-Provence a 19 de Janeiro de 1839 e foi um importante pintor francês. As explorações de simplificação geométrica e dos fenómenos ópticos inspiraram Picasso, Braque, Gris, e outros, que passaram a experimentar múltiplas visões mais complexas de um mesmo objecto, e, eventualmente, a fractura da forma. Cézanne, assim, criou uma das áreas mais revolucionárias da arte do século XX, uma que afectou profundamente o desenvolvimento da arte moderna.

Edgar Allan Poe


Edgar Allan Poe nasceu em Boston a 19 de Janeiro de 1809. É considerado como um dos precursores da literatura de ficção científica e fantástica modernas. Algumas das suas novelas, como The Murders in the Rue Morgue, The Purloined Letter e The Mystery of Marie Roget, figuram entre as primeiras obras reconhecidas como policiais, e, de acordo com muitos, as suas obras marcam o início da verdadeira literatura norte-americana.

talvez ou o princípio da certeza

talvez se escute o silêncio puro que vos aproxima
entre reflexos de espuma e gestos por inventar
talvez o mar a onda uma a uma
deixem ficar a rima e recordem o futuro

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

The Fall



Os The Fall vão estar amanhã no Coliseu do Porto. Esta banda formada em 1976 tem no seu carismático e genial líder, Mark E. Smith, o esteio da sua sobrevivência, tendo gravado durante este período 26 álbuns de estúdio.

Um momento só

Um momento só. Inacabado,
infindo,
que se confunde com o sonho
onde não acordo
mas continuo a sentir
o som leve do teu gesto.
O encanto é escuro,
só se imagina.

Tenho possibilidade de me aconchegar
no teu dorso de carinho
mas deixo-me ficar
à espera do mundo. É
tão mais fácil com a tua leveza.

Dizes uma palavra


Dizes uma palavra
que te finjo ouvir
e dissipo-me do medo da surpresa.
Às vezes, rezas
e acredito adivinhar
o som que trocas com Ele
só pelos lábios que não abres
quando os olhos transbrilham
em cerimónia de núpcias.
É bom. Tão bom
sentir que abalroamos o medo
da descrença,
que por momentos vencemos.
Seja o que seja.

ASAS

Do colo branco da paisagem
saíram, abrindo-lhe um buraco ensanguentado,
a cara dela
que era uma sereia
e que era uma pantera a rebolar no chão
aos rugidos metálicos do amor
sob a forma de nuvens muito ao longe...

Despertei-me o felino adormecido.

Depois houve, feridas, duas bocas beijadas
que sangravam imenso na cozinha
onde ela calma e virtuosa ia mexendo a sopa!
E tudo após ter-se partido
uma enorme porção de loiça,
mas como se não tivesse havido nada!

Edmundo de Bettencourt, Poemas Surdos

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

pedido à evidência

Escrevo com tinta de leite
nas pedras o teu nome.
É uma evidência do mundo aceite:
no teu respirar a fome

de querer sempre mais.
Entras e sais
do coração que ressuscitas

da história de crianças aflitas
que só o teu sorriso pacifica.

Peço-te: desta vez fica.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Despedida

Abordamos a margem esquerda e ficamos a olhar aquela colina preenchida de casas, suavemente afagadas por um Sol primaveril. Beatriz veladamente despedia-se de mim e daquela urbe. Ela descrevia como esta cidade era cada vez mais confinada, de tal forma que não deixava as pessoas crescerem. “Aqui sinto-me estrangulada. Esta cidade é pequena demais para mim…” Mas a voz dela parecia demasiado distante, de alguma forma embaciada pela lonjura de distantes dias que partilhamos. Eu apenas conseguia concentrar-me na imagem da cidade que se ia enrolando numa espiral ascendente, tentando atingir aquela torre que na realidade apenas a esmagava, como uma serpente que por uma qualquer razão idiota renega o seu corpo e tenta a todo o custo destruí-lo.
ramo de pássaro fingindo asa de árvore
na calmaria dos olhos infantis
que abraçam a eternidade do mar

A Fazer de




oooooooooooooooooooooooo

oooooooo CONTOS

sábado, 10 de janeiro de 2009

Tintin parte para o País dos Sovietes


Como refere o jornal Público - de onde saiu a fotografia - foi há precisamente oitenta anos - em 10 de Janeiro de 1929 - que começou a ser publicada a primeira aventura de um dos maiores ícones da BD mundial. Hergé, o seu autor, entregaria duas pranchas por semana e durante sessenta e nove semanas (até 9 de Maio de 1930) apresenta os gags e diversas situações das aventuras soviéticas. O êxito da primeira história fez com que Tintin fosse depois ao Congo e à América. Tintin é um repórter que corre mundo e vive grandes aventuras. Um grande herói.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

CORES



NUVENS



CASAS



Sinais (outros)

o mais difícil para ti
será não entenderes
pois a árvore percebe
as palavras das suas folhas
e permite-lhes chuva e sol
no trajecto da concórdia

quando era menino
amava empoleirar-me
na ciência da árvore
e respirar o sol
como uma eternid
ade

fffffff

ffffffff

fffff

ffffff

ffffff

fffff

branqueava ali
o dia dos castigos
sabendo que a menina,
minha mãe,
me perdoava os silêncios
num gesto descomprometido
que imitava o mundo

antes da noite
as sombras jogavam palavras novas
com as folhas cansadas
e deixavam as mais aguerridas
para salpicar no fim
quase escuro

a mãe chamara há idos
o leite ficara num copo esquecido
o ralho descontrolaria os vizinhos cansados
o olhar bastava-me a um correntio tonto
Até amanhã!

todos os nomes

No pó do teu caminho
escrevi-te um nome.
E esqueci-o.
A terra há-de revê-lo.
E eu aceito
todos os nomes
que te descubram.

O fogo

Desço ao centro do fogo,
ao diamante dos rios, à tempestade
luminosa do orvalho.
ggggggg
Sorvo esta luta de gigantes
com os olhos queimados de água,
lavados de lava.
gggggg
Desço ao centro do fogo e da água,
a campos de batalha, às cores insaciáveis
que me dividem ao longo da viagem.
gggggggg
Na memória, nos escombros da terra
levanta-se o sol, o fulgor da manhã.

Casimiro de Brito, jardins de guerra
Prémio de Poesia da Imprensa Cultural,1968

cego ao sentir-te

As mãos vacilam no rosto
e só procuram um cheiro.
Cheiro a terra, odor a mosto
que traga o rosto por inteiro.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

"Eppur si muove"


Nascido a 15.02.1564 em Pisa, Galileu Galilei herdou do pai (Vicenzo Galilei) uma enorme aptidão para a matemática e um grande gosto pela música. Da mãe (Giulia Ammannati) dizem que lhe ficou um carácter forte e persistente.
Estudou na Universidade de Pisa, primeiro medicina e, depois, matemática, física e astronomia, pasando a professor de matemática dessa Universidade com a idade de 25 anos. Aos 28, e durante os seguintes dezoito, foi professor em Pádua. Das suas importantes descobertas fazem parte o telescópio e o termoscópio, bem como as leis do pêndulo e da queda dos graves. Na sua obra "Dialogo Sopra, Due Massimi Sistemi del Mondo" afirma a teoria heliocêntrica, contrária ao entendimento da Igreja Católica de então. Veio a ser julgado por heresia (1633), tendo de negar publicamente a sua convicção.
Já completamente cego, faleceu em Arcetri, a 8 de Janeiro de 1642.
Foto Wikipédia
Eu morrerei.
E nos outros serei a recordação
dum grande pássaro selvagem
que bateu as asas
longamente...
longamente...
Enquanto se ouvir
o eco das minhas asas,
terei a vida das aves.

Isabel Meyrelles, Em voz baixa, 1951

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009




ACROBACIAS


Sinais

1.
Vejo o vento no teu cabelo
mas deste só o odor a maresia.
Aperta-me o peito contra as ondas
e a espuma voltará
a construir castelos de fadas.

Sinto que sou um espaço
no teu caminho,
que te arrasto o rasto
no meu desejo de desenhar- te

um mapa de eternidade.


2.
Naquele dia em que te confundi
com as ramagens da acácia
lembrava-me de folhas infindas
num mar de sol
e só queria escutar-te o vento
entre os dedos que me abrias
de novo
como da primeira vez
em que o meu coração tempestou
um rebuliço na brisa
e eu só gritei.
Olá.