rrrrr
rrrrr
rrrrr
rrrr
Não digo adeus. Não. Sento-me
à varanda do mar e respiro azul
a tarde inteira. Já só
te imagino
(blusa vermelha a destoar a neblina da manhã,
saco de marca sem pertences interiores,
lenço de dizer partida recolhido na vergonha).
Saudade de ter saudades. Depois
da igreja que abençoou uma desforra,
só um acaso me compete
com o lodo e as algas.
Nada posso construir na areia
(já antes o não fizera
com os teus braços).
Há uma cama vazia onde me deito,
e continua –
sempre assim –
pelo escuro fora.
A manhã chega-se sem aviso
e recordo uma vez outra, e outra,
a tua partida.
A cada dia me despeço dos dias
com um cerimonial mais lento.
Mas não preciso de me repetir
que é a tua falta.
3 comentários:
saudade de ter saudades, como se diz. uma certa melancolia que fica bem e dá vontade de fechar os olhos (chorando ou não um pouquinho).
A poesia, quando bem construída, irmana, alarga a comunhão, somos nós.
Concordância com o antes se diz e no que se vê neste caso.
Enviar um comentário