sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

ASAS

Do colo branco da paisagem
saíram, abrindo-lhe um buraco ensanguentado,
a cara dela
que era uma sereia
e que era uma pantera a rebolar no chão
aos rugidos metálicos do amor
sob a forma de nuvens muito ao longe...

Despertei-me o felino adormecido.

Depois houve, feridas, duas bocas beijadas
que sangravam imenso na cozinha
onde ela calma e virtuosa ia mexendo a sopa!
E tudo após ter-se partido
uma enorme porção de loiça,
mas como se não tivesse havido nada!

Edmundo de Bettencourt, Poemas Surdos

Sem comentários: