quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
vida, caminho sempre à frente
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Relatividade
Em 1971, Joseph Hafele e Richard Keating puseram relógios atómicos muito sofisticados a bordo de um voo num jacto comercial da Pan Am que deu a volta ao mundo. Quando compararam os relógios que voaram no avião com relógios idênticos que tinham sido deixados (estacionários) no solo, descobriram que tinha passado menos tempo nos relógios que se tinham movido. A diferença é minúscula – umas centenas de bilionésimos de segundo –, mas estava exactamente de acordo com as descobertas de Einstein.
Brian Green
O Tecido do Cosmos
Espaço, tempo e textura da realidade
Colecção Ciência Aberta
Gradiva
sábado, 27 de dezembro de 2008
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Harold Pinter
Prosa
Kullus (1949)
The Dwarfs (1952-56)
Latest Reports from the Stock Exchange (1953)
The Black and White (1954-55)
The Examination (1955)
Tea Party (1963)
The Coast (1975)
Problem (1976)
Lola (1977)
Short Story (1995)
Girls (1995)
Sorry About This (1999)
God's District (1997)
Tess (2000)
Voices in the Tunnel (2001)
Poesia
War (2003)
Teatro
The room (1957)
The birthday party (1957)
The dumb waiter (1957)
The caretaker (1960)
A slight ache (1961)
The homecoming (1965)
Md Times (1971)
No Maris land (1975)
Fonte: wikipedia
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
(a cantar, com ou sem galo, até 2009...)
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Crónica do Rei Pasmado
O corpo de Marfisa tinha ficado meio a descoberto: deixava ver a cabeleira, as costas, a fina cintura, o arranque das nádegas. O Rei fitou-a. Com surpresa, com estupefacção.
- Viste coisa mais bela?
- Há muitas coisas belas no mundo.
- Mais do que o corpo de uma mulher?
- Se é o de Marfisa, dificilmente.
- Até ontem à noite, nunca tinha visto uma mulher nua.
- E então?
- O paraíso tem que ser uma coisa semelhante.
O conde torceu o nariz.
- Não creio que os senhores inquisidores aprovassem essa ideia.
- Que saberão os senhores inquisidores de mulheres nuas?
- Segundo eles, tudo.
O Rei já se encontrava meio vestido. O conde pediu a Lucrécia uma bacia com água fresca. O Rei começou a remexer na escarcela.
EDITORIAL CAMINHO
Gonzalo Torrente Ballester
Título original:
Crónica del Rey Pasmado
Tradução de António Gonçalves
(C) Gonzalo Torrente Ballester, 1989
Vincent van Gogh
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Quando um Homem quiser
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e comboios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
José Carlos Ary dos Santos
sábado, 20 de dezembro de 2008
mar esquecido
quando víamos horizonte e mar
Gaivotas volteavam traços, até
perderem voltas de desamarrar
Confirmávamos promessas antigas
ao desfazermos as perdidas brigas
O tempo parava no nosso olhar,
nem canções soavam no silêncio
no efeito da translação estancar,
mundo que não creio nem penso
O que se nos perdeu de eternidade
nesse espaço que nos traz ao hoje?
O que sabemos, se é da realidade,
tão pouco q' entre mãos nos foge?
(20.01.2008)
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Perfume na escuridão
passos sem caminho
que oiço a respiração da tua vinda
mas cego o gesto
que te abraçaria
Deixa que o perfume
dos sonhos meeiros
te adivinhem o rosto
esse que os tantos anos
terão amassado
e foram desistindo
em corromper:
tenho a divina certeza
que teu sorriso
mantém o mesmo olhar
(de papoila luminosa
onde guardava os tesouros
imaginados de menino)
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
faltavam para ele chegar.
Mas ele não chegou,
com o seu manto azul,
àquele pátio onde ela o esperava, todos os dias,
ano após ano,
com o rosário de sal das noivas eternas,
esquecido nas mãos.
Ela tinha tempo, era jovem,
e jovem o seu corpo e o seu coração.
A alma, porém,
navegara os oceanos,
perdera-se em cada porto,
em cada lenço de dizer adeus,
nos labirintos onde conheceu o esplendor das
navalhas,
o sangue que deixava o seu rasto num
umbral e numa esquina.
Era uma vida de açucenas desfeitas.
E ela ia e vinha, sonambulamente, apagando as
estrelas.
Tinha,
na boca entreaberta,
o travo amargo das laranjas doentes,
dos licores de ervas muito verdes que colhera na
infância dos países do mal.
Tinha medo.
Mas, serenamente,
continuava a contar as horas que faltavam
para ele chegar,
para que do seu manto azul se soltassem as
flores sem cor
que vivem na secreta transparência dos corais.
José Agostinho Baptista, Via-a Serenamente
Esta Voz É Quase O Vento
sábado, 13 de dezembro de 2008
Parabéns P. A.
Antes que a morte te leve, Ó leva tu isto de volta (Dylan Thomas)
A linha divisória
De facto, quando meditamos na significação do nosso próprio passado temos a impressão que ele enche o mundo inteiro em profundidade e em grandeza...
Só os jovens passam por momentos assim (...)
É neste período da vida que os momentos de que tenho estado a falar têm probabilidades maiores de acontecerem. Mas que momentos? Bem, momentos de tédio, de cansaço, de descontentamento. momentos de precipitação. Quer dizer momentos em que o jovem tende ainda, por força da sua natureza, a praticar actos irreflectidos, como casar de um instante para o outro ou abandonar descuidadamente um lugar que ocupava sem ter motivo algum para o fazer.
Aqui não se trata da história de um casamento. Comigo o caso não foi tão mau. A minha acção precipitada tal como se deu teve mais o aspecto de um divórcio... - quase de um abandono do domicílio conjugal. Sem razão alguma, susceptível de ser detectada por qualquer pessoa minimamente sensata, seixei o meu emprego - lancei borda fora o meu lugar no barco - desembarquei do navio, do qual a maior razão de queixa que eu podia ter seria apenas a de verificar que se tratava de um barco a vapor e que, por consequência, talvez fosse indigno da minha cega fidelidade ... Mas para nada serve tentar dar brilho àquilo que, mesmo nessa altura, bem suspeitei que não passaria de um capricho.
Joseph Conrad, Linha de Sombra, Relógio D'Água
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Puro Vintage VI
A certa altura do ano, depois do regresso à escola e dos magustos, quando o frio já começava a apertar e a chuva era uma presença constante, Alexandre sabia que estava para breve um tempo mágico. Guiado pela mão da sua Mãe, que frequentemente acompanhava nas compras para a casa, entrava no supermercado de sempre e a mudança estava dada. Logo ali, nas primeiras prateleiras da entrada, expostos em série, os brinquedos acabados de chegar davam um novo ar, muito mais apetecível e acolhedor, ao espaço de sempre.
Com um ar solene e contemplativo, Alexandre procurava devorar com os olhos tudo aquilo em que as suas mãos não podiam tocar. "Não se pode mexer", dizia a sua mãe, sob o olhar atento e aprovador da dona do estabelecimento, vigilante e preocupada com o eventual prejuízo causado por um petiz naturalmente encantado e inquieto com tanto brilho, tanta novidade, que desejava alcançar. Carros a pilhas, construções, soldadinhos de chumbo, aviões, robôs eram para ele como arcas de tesouro, encerrando em si inúmeras estórias de aventura que ia construindo em sonhos despertos. Nuns outros tantos caixotes, ainda por abrir, Alexandre sabia existirem ainda mais pequenas maravilhas destas.
Àquela altura, já tinha trocado algumas impressões com os seus colegas acerca do que pedir no Natal. Agora, essa mesma lista de desejos estava a ser reformulada. Por outro lado, também comparava mentalmente, com acutilante sentido crítico, tudo o que ali via com outros brinquedos, vistos na sua cidade natal, no shopping de uma grande rua, à noite, após sair de casa dos seus avós que lá viviam.
Por fim, chegaria sempre à conclusão de que, entre uns e outros, o importante era conservá-los bem estimados (sim, porque prezava muito a sua fama de coleccionador zeloso e importado), na gaveta que tinha no roupeiro do seu quarto.
Contudo, neste seu alvoroço interior havia sempre espaço para outros desejos, para já bem mais fáceis de satisfazer, sabendo que ainda era cedo para qualquer decisão dos seus pais (eram eles que falavam com o Menino Jesus, segundo a sua mãe), quanto às prendas que apareceriam na chaminé da cozinha ou até mesmo na da sala dos seus avós. Assim, acto contínuo, Alexandre virava-se para a sua mãe e dizia baixinho "Quero um pai-natal" ou "Quero um carro de chocolate". Depois de alguns protestos pedagógicos, que nunca o deixavam de envergonhar porque eram ditos um pouco alto demais, o seu pedido era satisfeito. Em gestos cuidadosos, ia desembrulhando o papel de prata estampado que cobria a figura oca e castanha. Numa dentada, aquele doce sabor quente deixava-o entusiasmado, contente e um pouco mais sôfrego para os pedaços seguintes. Com grande parcimónia, contrária à idade de infante que tinha, procurava não sujar as mãos conforme o chocolate se ia derretendo. "Não te sujes!" - a advertência que mais ouvia.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Natal dos Fumadores
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Porto Santo
Eu queria uma ilha assim, onde tudo se resume à
evidência dos astros,
ao coração sereno.
A areia aquece as mãos abandonadas.
Prevejo o eclipse, o arco-íris e os teus passos.
Sei que vens, algures, pelas veredas onde o ouro
começa.
Não me procures tão perto das estacas do primeiro
cais.
Estou sempre encostado ao mar.
E as vagas que se erguem afastam levemente a minha
boca
e são como as lágrimas do teu amor.
Quem espreita atrás dos barcos?
As velas passam ao largo das tuas cidades.
Apagas-te devagar, fresca açucena desta saudade.
Inúteis são os búzios da minha loucura porque não
me ouves em outubro
quando a ilha não pertence ao mundo.
Em outubro pensei:
podia acabar aqui, encostado ao mar,
para que se saiba onde acabam os sonhos, onde moram
os assassinos,
onde, da vida já esquecido,
olho perdidamente à volta e sou a ave.
Sou a plumagem que arde. Sou a asa golpeada pelos
raios do teu furor
e não me peçam, não me peçam para cantar.
Na Fonte da Areia baixo a cabeça sobre o peito.
Fecho os olhos.
(...)
José Agostinho Baptista, Porto Santo
Canções Da Terra Distante
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
carpe diem
domingo, 7 de dezembro de 2008
Ainda dentro da estridente nebulosa
Que a palavra continue, escrevendo-se
ter-te tão breve
tu surgiste, ao tombar
de uma tarde escura e fria,
a inventares a companhia
ao meu lamento.
por um momento
(só um momento)
imaginei voltar a ver no tempo eternidade,
deixava fingir - e fugir - a idade
no esgar de te ver
tão leve.
de te ter
tão breve.
(15.12.2007)
sábado, 6 de dezembro de 2008
Afonso, o 1.º
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Espero, mesmo em Dezembro e à chuva
A chuva lavou das línguas as palavras quentes.
Dezembro é mês de melancolia e sem repentes.
Fica difícil soletrar-te sílabas coloridas.
A cor do sol encobre-se com a da terra.
Perdemos luz, mas ganhamos em vidas.
O nosso encanto é só um jogo de espera.
W. A. MOZART
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Perseguição da beleza
Foto: Pedro Paixão