O Vaticano defende uma verdadeira "refundação do sistema" financeiro que implique o fim dos "paraísos fiscais". Num documento do Conselho Pontifício Justiça e Paz, aprovado pela Secretaria de Estado do Vaticano, aponta-se a existência dos "centros financeiros offshore" - os chamados paraísos fiscais - como uma das causas principais da crise financeira internacional. Citado pela Zenit, agência oficiosa do Vaticano, o longo documento diz que esses mercados "mantiveram uma trama de práticas económicas e financeiras" como "fugas de capitais de proporções gigantescas", fluxos "motivados por objectivos de evasão fiscal", práticas de facturação fraudulenta e reciclagem de "actividades ilegais". O texto, publicado a propósito de uma reunião da conferência de Doha sobre o desenvolvimento, que termina hoje, é muito crítico. Diz que a utilização dos paraísos fiscais produziu um efeito negativo duplo, beneficiando os rendimentos mais elevados, que podem escapar à tributação e ao controlo fiscal nos próprios países, e penalizando os mais baixos rendimentos - trabalhadores e pequenas empresas. Ao mesmo tempo, transferiram a tributação do capital para o trabalho.No documento, ainda de acordo com a mesma fonte, recorda-se que os centros offshore movimentam "cerca de 860 mil milhões de dólares por ano" (mais de 660 mil milhões de euros). Isto equivale a uma fuga fiscal de quase 255 mil milhões de dólares, mais do triplo do montante da ajuda pública ao desenvolvimento por parte dos países da OCDE.
Jornal Público
1 comentário:
Muito importante esse seu comentário.O vaticano é lotado de belas obras de arte, quanto ao resto eu não sabia.Adorei ter entrado aqui.
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