segunda-feira, 30 de junho de 2008
domingo, 29 de junho de 2008
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Enigma
quinta-feira, 26 de junho de 2008
quarta-feira, 25 de junho de 2008
terça-feira, 24 de junho de 2008
O Homem Lento
“Contudo, frívolo não é uma palavra má para o resumir, tal como ele era antes do acontecimento e pode ainda ser. Se no decurso da vida não fez nada de mal, tão-pouco fez bem algum. Não deixará vestígios, nem sequer um herdeiro que perpetue o seu nome. Deslizar pelo mundo: era assim, em tempos idos, que se costumava designar vidas como a sua (…) Porquê? Porque razão pode a imagem fragmentária de uma mulher ser admirada, mas não a imagem de uma mulher fragmentária, por mais cosidos que os cotos estejam? (…) Será que as relações com o belo nos elevam, nos fazem melhores pessoas, ou será abraçando os doentes, os mutilados, os repulsivos, que nos aperfeiçoamos? (…) – Claro que pode amar quem quiser. Mas talvez doravante deva guardar o seu amor para si, como uma pessoa guarda uma constipação ou um ataque de herpes para si, por uma questão de consideração pelos vizinhos”
segunda-feira, 23 de junho de 2008
magma
Dizem que é a melhor Revista dos Açores. E os Açores, sem prejuízo de outras grandezas, são enormes na poesia e na literatura.
Com periodicidade semestral e coordenação específica e ponderada para cada número, Magma é propriedade da Câmara Municipal das Lajes do Pico; acompanha-se sempre de interessantes separatas e tem uma tiragem de algumas centenas de exemplares.
É linda, tal como aquela Ilha Montanha.
Amanhã, depois da conselheira noite
Céu azul cinzento, de tarde finda
Imaginava-te eu, antes desse véu
Que esconde mais saudade, ainda
Tinha receio d’escancarar a descoberta
Que o pudico é outro nome de enlevos
Se da sonolência nossa, algum desperta
Deixamos de saber encobrir os medos.
Assim, deixo que as gaivotas dissipem,
Que a noite chegue, eterna conselheira
A consolar os fantasmas que a habitem
No ar melado da surrealista cavaqueira
Amanhã, o Sol vem estalar o tempo
O calor suará dos corpos fatigados;
Voltamos a esperar a noite, advento
Dos amores, repetidos de cansados.
domingo, 22 de junho de 2008
Verão singular
Trazia longas tranças nos cabelos espiga
Eu olhei-a, lento a sair-me da distracção
De um poema; mas ela era minha amiga
E disse-lhe a verdade: não reparei
O tempo vinha triste, descontente
Como saíra, também logo eu entrei
E não atentei em nada de diferente
- Mas olha que sim, sinto-o no corpo
Teimou, deitando olhos de azul vivo
- Se assim, Xisca, conclui-lhe absorto
Nem virá; afinal preferiu ficar contigo.
sábado, 21 de junho de 2008
Machado de Assis
Sartre
Aniversário
Só por ser chegado o dia?
- Deixa-te dessa fantasia:
Não passa tudo de enganos
Se um homem é um dia inteiro
Ou um segundo, ou um acaso,
Porque será que, lá pelo meio
Se resolvem a dar-lhe prazo?!
Não faço; não faço e pronto
E, de todo o modo, está feito
Não, em vez de me pôr a jeito
Vou é reclamar um desconto.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Assim foi...
quinta-feira, 19 de junho de 2008
quarta-feira, 18 de junho de 2008
A todos e aos juristas
Com dedicatória aos juristas e aos escritores, mas especialmente aos leitores, sendo ou não sendo, assumindo ou não alguma das indicadas definições, aqui largo números antigos (mas actuais) desta Revista que teima e insiste. Com prosa, poesia e muita oportunidade.
É a Foro das Letras, editada pela Associação Portuguesa de Escritores-Juristas - Coimbra.
Em tempo...
terça-feira, 17 de junho de 2008
Fábula
António Franco Alexandre nasceu em Viseu a 17 de Junho de 1944. Matemático e filósofo, é tido como um dos melhores poetas da actualidade. Inovador.
Nesta última tarde em que respiro / A justa luz que nasce das palavras / E no largo horizonte se dissipa / Quantos segredos únicos, precisos, / na ausência interminável do teu rosto. / Pois não posso dizer sequer que te amei nunca /Senão em cada gesto e pensamento / E dentro destes vagos vãos poemas; / E já todos me ensinam em linguagem simples / Que somos mera fábula, obscuramente / Inventada na rima de um qualquer / Cantor sem voz batendo no teclado; / Desta falta de tempo, sorte, e jeito / Se faz noutro futuro o nosso encontro.
Uma fábula, Assírio & Alvim
Baloiçar os olhares
Em que corrias atrás de… nada
A cabeça a beber o som do vento
E o mundo ali parado; e tu parada
Pois não eram precisos passos
Nem força, suor, ou a correria
Nossos olhos eram os espaços
De se sonhar o voar da fantasia
Passávamos as tardes no baloiço
Só a balançar os olhares risonhos.
Hoje, a cada acordar, ainda o oiço:
Dizias ser só isso o rir dos sonhos.
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Kafka
»Was ist mit mir geschehen?«, dachte er. Es war kein Traum. Sein Zimmer, ein richtiges, nur etwas zu kleines Menschenzimmer, lag ruhig zwischen den vier wohlbekannten Wänden. Über dem Tisch, auf dem eine auseinandergepackte Musterkollektion von Tuchwaren ausgebreitet war - Samsa war Reisender - hing das Bild, das er vor kurzem aus einer illustrierten Zeitschrift ausgeschnitten und in einem hübschen, vergoldeten Rahmen untergebracht hatte. Es stellte eine Dame dar, die mit einem Pelzhut und einer Pelzboa versehen, aufrecht dasaß und einen schweren Pelzmuff, in dem ihr ganzer Unterarm verschwunden war, dem Beschauer entgegenhob.
Gregors Blick richtete sich dann zum Fenster, und das trübe Wetter - man hörte Regentropfen auf das Fensterblech aufschlagen - machte ihn ganz melancholisch. »Wie wäre es, wenn ich noch ein wenig weiterschliefe und alle Narrheiten vergäße«, dachte er, aber das war gänzlich undurchführbar, denn er war gewöhnt, auf der rechten Seite zu schlafen, konnte sich aber in seinem gegenwärtigen Zustand nicht in diese Lage bringen. Mit welcher Kraft er sich auch auf die rechte Seite warf, immer wieder schaukelte er in die Rückenlage zurück. Er versuchte es wohl hundertmal, schloß die Augen, um die zappelnden Beine nicht sehen zu müssen, und ließ erst ab, als er in der Seite einen noch nie gefühlten, leichten, dumpfen Schmerz zu fühlen begann.
Um dia normal
Ironia, enigma, jogo de palavras, sexo (publicado em 1922, foi proibido nos EUA até 1933 por ser "pornográfico") e o famoso monólogo interior... tudo correndo em ligação de fundo à Odisseia, e durante as dezoito horas daquele dia 16 de Junho.
Ulisses - James Augustine Aloysius Joyce (2.02.1882 - 13.01.1941)
Bloomsday
Tudo, mas mesmo tudo...
Tudo - que foi imenso - se passou naquele enorme e grandioso dia 16.
Gondelim
Constava do Grande Livro, guardado na Catedral de Godelim, que um guerreiro louco, descido do Norte, matara o urso que rondava aquele alto de pedregulhos, proclamando-se soberano das terras a perder de vista. Mas, a partir daí, só fêmeas se sentariam no trono, cabendo a precedência à que fosse de mais espessa barba, dentre as filhas da monarca reinante.
O reino de Godelim era povoado por gentes que trabalhavam de sol a sol, sachando os campos produtores de trigo e cevada, artigos com que atulhavam os celeiros reais. As rainhas governavam os seus súbditos, com grande tirania, cobrando impostos pesadíssimos, por cada alqueire de cereal que tirassem para seu próprio sustento, e obrigando-os a contribuir, com porcos da sua criação, para o apetite imenso de que padeciam.
domingo, 15 de junho de 2008
sábado, 14 de junho de 2008
Aniversário4
As suas pinturas são de alguma forma remanescentes do surrealismo, e quase sempre com um forte simbolismo para transmitir suas ideias políticas. Foi membro do movimento de arte alemão chamado Neue Wilde (Novos Selvagens). A sua série mais famosa “Cafe Deutschland”, composta de dezasseis grandes pinturas teve início em 1977. Nela, Immendorff utiliza frequentadores de discoteca para simbolizar o conflito entre as Alemanhas Oriental e Ocidental.
Aniversário3
Parabéns
Hoje é publicado pela editora DC Comics, uma empresa subsidiária do grupo Time Warner.
Superman nasceu no fictício planeta Krypton e foi chamado pelos seus pais Kal-El (que significaria Filho das Estrelas no idioma kryptoniano). Foi mandado para a Terra por Jor-El, seu pai, cientista, momentos antes do planeta explodir. O foguete aterrou na Terra, na cidade de Smallville, onde, ainda bebé, foi descoberto pelo casal de fazendeiros Jonathan e Martha Kent, que o adoptaram e com quem viveu até à idade adulta. Conforme foi crescendo, ele descobriu que tinha poderes diferentes dos humanos normais. Quando não está a lutar contra o mal, ele vive como Clark Kent, trabalha como repórter no Jornal “Daily Planet” e vive com Lois Lane, com quem hoje é casado.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Aniversário 2
Ao Amigo JE sem o qual não teria recordado estes aniversários.
Aniversário
Por que vivo...
Que serei para a morte? Para a vida o que sou?
A morte no mundo é a treva na treva.
Nada posso. Choro, gemo, cerro os olhos e vou.
Cerca-me o mistério, a ilusão e a descrença
Da possibilidade de ser tudo real.
Ó meu pavor de ser, nada há que te vença!
A vida como a morte é tudo o mesmo Mal!
Vicente Guedes, 1910
A um plagiário
Copia mais, sem canseira,
Copia, pilha, retém.
É a única maneira
De não escreveres asneira.
Joaquim Moura Costa, 1909
EU
Uma longínqua e infiel lembrança
De qualquer dita transitória
Que sonhei ter quando criança.
Depois, maligna trajectória
Do meu destino sem esp'rança,
Perdi, na névoa ou noite inglória,
O sonho e o arco da aliança.
Só guardo como um anel pobre
Que o tê-lo herdado só faz rico,
Um fim perdido que me cobre
Como um céu dossel de mendigo,
Na curva inútil em que fico
Da estrada certa que não sigo.
Dinis da Silva, 1923
Quando olho para mim...
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
O ar que respiro, este licor que bebo
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei-de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.
Nem nunca, propriamente, reparei
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? serei
Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
Álvaro de Campos, 1913
Definição
Sou místico, mas só com o corpo.
A minha alma é simples e não pensa.
O meu misticismo é não querer saber.
É viver e não pensar nisso.
Não sei o que é a natureza: canto-a.
Vivo no cimo de um outeiro
Numa casa caiada e sozinha,
E essa é a minha definição.
Alberto Caeiro
Meu coração...
Meu coração é um almirante louco
que abandonou a profissão do mar
e que vai relembrando pouco a pouco
Alchemical Rose
Desassossego IV
Bernardo Soares