terça-feira, 24 de junho de 2008

O Homem Lento


Elizabeth Costello regressa. Agora, imiscuindo-se na desconexa vida de Paul Rayment, um antigo fotógrafo que acaba de ter um acidente de viação e perde uma perna. A perda da perna é muito mais que isso e avança para um vasto conjunto de interrogações sobre a velhice, a sexualidade, o sentido da vida, a paternidade e do amor. O que se pode negociar? O carinho, o cuidado? Um livro deslumbrante.

“Contudo, frívolo não é uma palavra má para o resumir, tal como ele era antes do acontecimento e pode ainda ser. Se no decurso da vida não fez nada de mal, tão-pouco fez bem algum. Não deixará vestígios, nem sequer um herdeiro que perpetue o seu nome. Deslizar pelo mundo: era assim, em tempos idos, que se costumava designar vidas como a sua (…) Porquê? Porque razão pode a imagem fragmentária de uma mulher ser admirada, mas não a imagem de uma mulher fragmentária, por mais cosidos que os cotos estejam? (…) Será que as relações com o belo nos elevam, nos fazem melhores pessoas, ou será abraçando os doentes, os mutilados, os repulsivos, que nos aperfeiçoamos? (…) – Claro que pode amar quem quiser. Mas talvez doravante deva guardar o seu amor para si, como uma pessoa guarda uma constipação ou um ataque de herpes para si, por uma questão de consideração pelos vizinhos”

5 comentários:

Unknown disse...

Olá! Gostaria de agradecer a visita e comentário no meu blog Tem Cobra no Matinho. Saudações do Brasil. =)

AugustoMaio disse...

"Tem cobra no matinho" é um nome mesmo do fixe e bem curioso.
E tia haruka não deixa de o ser.

AugustoMaio disse...

E, já agora, tem umas fotos postadas muito interessantes

AugustoMaio disse...

Quanto ao livro, motivo do poste (o último referido, em especial) não posso deixar de acrescentar o que já parece claro: um livro completo no seu objecto; que trata profundamente das coisas profundas, sem ser excessivamente filosófico. Sem responder (de facto, parece que ninguém poderá ter as respostas) coloca serenamente as questões da vida. E, de certo modo, cada qual lhes responda...

AugustoMaio disse...

A revista Actual (Expresso, 28 de Junho)começa a crónica a este livro com "Elizabeth Costello está de volta"

O post não foi copiado, pois é anterior.

Para o que interessa, Luís M. faria diz, além do mais, que Coetzee "escreve com uma precisão intransigente".

Cindo estrelas.

De facto, um livro a ler.