Sou louco, e tenho por memória
Uma longínqua e infiel lembrança
De qualquer dita transitória
Que sonhei ter quando criança.
Depois, maligna trajectória
Do meu destino sem esp'rança,
Perdi, na névoa ou noite inglória,
O sonho e o arco da aliança.
Só guardo como um anel pobre
Que o tê-lo herdado só faz rico,
Um fim perdido que me cobre
Como um céu dossel de mendigo,
Na curva inútil em que fico
Da estrada certa que não sigo.
Dinis da Silva, 1923
sexta-feira, 13 de junho de 2008
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