sexta-feira, 31 de julho de 2009


À beira de um calmo rio, uma matina de estio se reza...

Mezcalm Lowry

Nasceu há cem anos (28 de Julho de 1909) e viveu Debaixo do Vulcão. A Fundação com o seu nome homenageia-o no seu centenário, ao mesmo tempo que é publicado um livro bilíngue de Marcelo Teixeira (A Caminho do Vulcão) que ficciona o seu encontro em Lisboa com Fernando Pessoa.
Parabéns.

Victory ("Fuga para a Vitória")

Este filme teve a sua estreia a 30 de Julho de 1981 e, embora o êxito tenha sido inferior à história que pretende contar, tem a grandeza de a não haver esquecido. É a história de honra dos jogadores do Dínamo de Kiev, durante a invasão nazi, de um padeiro alemão que lhes deu tecto e da nova equipa, o FC Start, que formaram, a todos vencendo no campo. Na Ucrânia esses jogadores são heróis nacionais e o seu exemplo de coragem tem o valor do hino nacional. Ganharam a uma equipa de elite do III Reich e, depois, foram fuzilados.
A homenagem à coragem, qualquer que seja o meio de a revelar.

Não anota, esquece...

O título deste post não podia ser KKK: há sempre quem, legitimamente, se fique pelos títulos. A notícia que lhe dá substância, essa vem na zona desportiva do jornal diário I e refere-se ao novo reforço do ataque benfiquista. O jovem é o segundo filho do casal Adir e Alzira (AA) e o seu nome tem origem num tributo a Jim Morrison, feito por alguém, o pai, que não dispensa a letra K. O filho mais velho dá pelo nome de kimarrison. Parece que a família mostrou algum desagrado, mas conformou-se e, tal como o pai anotaram o nome para não se esquecerem. O craque, esse dá pelo nome de keirrison e, quando nasceu o irmão mais novo - já tardio - ajudou na escolha da sua graça; condicionado pela imposição do K (uma letra que chama muito a atenção; é assim do tipo "cheguei", explicou a mãe Alzira) acabou por ficar Kayon.
Resta desejar-lhe as maiores felicidades. No futebol, é claro.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Post-Modern Dance History

Depois do desaparecimento recente de Pina Bausch (igualmente incluída), aqui fica um histórico reconhecimento ao coreógrafo Merce Cunningham, falecido aos 90 anos em Nova Iorque (nasceu nos EUA em 16 de Abril de 1919) e há poucos meses comemorou os 90 com a estreia de "Nearly Ninety". Disse que "apesar destes anos todos, ainda fico fascinado quando vejo um bailarino em movimento"

Banda Sonora 2.0



Para ficar de boca aberta ou deixar-se levar...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Branca de Neve 2.0



Os incautos que se desenganem. A informação da imagem acima exposta é enganosa. Porquê? Aqui começa a história:

Durante este fim-de-semana, foi largamente publicitada, por quem de direito, no Twitter, uma iniciativa nunca antes realizada no ciberespaço português: o Primeiro Ministro à conversa com os autores de alguns dos mais conhecidos blogs da nação.

Tal como era explicado aqui, o debate seria livre e aberto, havendo uma escolha - método da mesma não apurado, porque não exposto em termos de critérios, pressupostos e condições concretas - dos blog's que teriam direito a fazer uma pergunta ao Eng. Sócrates. Sem embargo, e contando com a lista de blog's suplentes igualmente publicada, abria-se ainda a possibilidade de participação das redes sociais, nomeadamente o Twitter.

Ora, uma hora antes do começo: endereço na barra de navegação, tecla enter e página de entrada. Ao que tudo indicava o "live streaming" - emissão em directo - parecia ser fluido e escorreito, mostrando uma curiosa mira técnica e podendo ouvir-se o tão típico"um, dois, som... experiência". A hora dos testes para que tudo corresse bem com esta "admirável" empresa.

17h30m (ou um pouco depois, que ainda fui tomar uma bica e quando voltei ainda não tinha começado): O Primeiro Ministro entra na "cantina", cumprimenta as pessoas e senta-se. "Pronto, vamos lá então ouvir o debate com os bloggers" - o esfregar de mãos ávidas de um bom debate no twitter para o qual a hashtag #blogconf tinha sido criada.

Contudo, subitamente, o "live streaming" é cortado. Mira técnica de volta. Écran negro, sem imagem nem som de seguida. Motivos técnicos, disseram. Sucedem-se os pedidos de desculpas, bastante esfarrapadas, havendo mesmo quem, dizendo-se noutras alturas fervoroso adepto do twitter justamente devido à nota de "tempo real", vem atirar que "na vida, o directo não é tudo".

A indignação instala-se. Do mero #flop para outras considerações mais imaginativas - serão mesmo apenas imaginativas? - bastantes foram aqueles que se levantaram em protesto. Alguns dos agora reduzidos protagonistas - os únicos, é certo, porque convidados - ainda tentam acalmar as hostes, fazendo uma cobertura parcial do que se passaria na "cantina".

Ora, do que ficou, o fedor da conveniência e da estratégia - ou do receio de vociferantes twitts de descontentamento pelo estado das coisas - foi o aroma mais dominante, em modesta opinião.

Um bolo que, de acordo com a imagem, seria para ser comido por todos, deu, no fim de contas apenas para alguns comerem umas fatias. E, ainda assim, fatias variadas: umas com sabor a protagonismo, outras com sabor a propaganda e ainda umas esmigalhadas, com sabor a seriedade (é pena que tivessem sido as mais "piquenas").

Da promessa da transmissão do verdadeiro na íntegra e indeferido, o conforto não é grande, uma vez que não era, de modo nenhum esse o plano inicial. O sentimento de exclusão é legítimo por parte de todos aqueles que acreditam, e não porque alguém em terras lusas o diz, que o Twitter é para todos.

E, no fundo, se, por um lado a ingenuidade acalma e conforta, também é certo, por outro, que não deixa vislumbrar a verdadeira essência da estratégia: quando se quer reduzir o número de intervenientes dialogantes basta introduzir no circuito da comunicação algum ruído, ou seja, "motivos técnicos". Tudo por aí se perde.

#parêntesis: e ainda a RTP tentou dar uma notícia que, para todos os efeitos, não o foi.

domingo, 26 de julho de 2009

Poema visual

mmmmmmmmmmmmmm
mmmmmmmmmmmmmmm
em teusxxxxxxxxxxxolhos
mmmmmmmmmmmmmmmmmmm
xxxxxxxxxxxabrxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxaçoxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxunsxxxxxxxxxx
mmmmmmmmmmmmmmmmmmmm
xxxxxxlábios da cor dosxxxxxxxx
xxxxxxpoemas futurosxxxxxxxxx

sexta-feira, 24 de julho de 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ena, tantos, tantos e tantos...

"Isto é: qualquer português hoje vivo, em particular o leitor, é descendente não apenas do fundador da nacionalidade como de qualquer outro português do século XII cuja linha de descendência não se tenha entretanto extinguido. portanto, além da nossa descendência real, somos também descendentes de todos os miseráveis servos da gleba, de todos os criminosos vilões e bobos da aldeia que tenham deixado descendência. do ponto de vista matemático somos todos iguais, e todos os que viveram antes de nós são iguais entre si. O mesmo argumento mostra que qualquer europeu vivo é descendente directo de Carlos Magno, Clóvis ou Maomé. Como, na verdade, também de qualquer outro europeu vivo à data deles, desde que a sua linha de descendência não se tenha entretanto extinguido. Dentro de mil e quinhentos anos, das duas, uma: ou a sua linha de descendência se extinguiu ou todos os seres humanos nessa altura vivos serão seus descendentes.
A explicação destes factos encontra-se em resultados matemáticos, alguns dos mais recentes, relativos à matemática das genealogias. No entanto, a razão matemática de fundo é muito simples, sendo perfeitamente compreensível a um aluno do secundário: trata-se do crescimento exponencial do número de ascendentes. Todos nós temos pai e mãe, portanto temos quatro avós, oito bisavós, dezasseis trisavós, e assim por diante"

Jorge Buesco, "Somos todos nobres (e servos)", O Fim do Mundo Está Próximo?, Gradiva, 2007

What Are You Optimistic About?

O site Edge dedica-se a ideias especulativas, representando as fronteiras nas áreas da biologia evolutiva, genética, ciência de computadores, neurofisiologia, psicologia e física. Depois de outras perguntas - como a das Ideias Perigosas, já aqui referida - a pergunta de 2007 foi a seguinte: "Enquanto actividade e enquanto estado de espírito, a ciência é fundamentalmente optimista. A ciência descobre o modo como as coisas funcionam e graças a isso pode fazê-las funcionar melhor. A maior parte das notícias ou são boas notícias ou são notícias que podem vir a tornar-se boas, graças ao aprofundamento constante do conhecimento e a ferramentas e técnicas cada vez mais eficientes e poderosas. No limite, a ciência coloca cada vez mais perguntas melhores e mais claras. Qual é a sua ideia optimista? Porquê? Surpreenda-nos!"

Muitas foram as respostas, desde o fim da guerra ao avanço estrondoso da ciência e da tecnologia. Por ora, aqui fica apenas a primeira, escrita por Mihaly Csikszentmihalyi (Psicólogo e director do Centro de Investigação para a Qualidade de Vida da Claremont Graduate University): "Estou optimista pela simples razão de que, tendo em conta as possibilidades ínfimas de existência de entidades capazes de fazer tais perguntas e de computadores portáteis nos quais responder-lhes - e por aí em diante - aqui estamos nós, a colocar a pergunta e a responder-lhe!".

IDEIAS OPTIMISTAS, Coord. de John Brockman, Tinta da China

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Afinal, não é sempre que o Homem queira? ... A propósito da Lua e de outras coisas mais.

Nasce um deus. Outros morrem. A Verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.

Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo deus é só uma palavra.
Não procures nem creias: tudo é oculto.

Fernando Pessoa, NATAL

terça-feira, 21 de julho de 2009

Tranquility Base 2.0



A poucos minutos da primeira EVA (Extravehicular Activity) este é (seria) o som apropriado a ouvir no Mar da Tranquilidade.

Apollo11, Yes we can


A justa homenagem. A arte e o engenho de quem não teve medo.
Possamos voltar a tempos assim.

Houston, Tranquility Base here. The Eagle has landed

Neil Armstrong 
amiga Lua, sempre disponível, quase lá se chega na antena da modernidade

domingo, 19 de julho de 2009

Lua 2.0


Vale a pena recuperar o melhor tempo de todos. Aqui. Passo a passo e "ao vivo".
Nobres barqueiros deixaram as margens e entregaram este reconhecimento. Imerecido, é certo, mas agora agradecido.
Os contemplados com este Prémio deverão distinguir outros sete blogs e explicar o significado do Prémio.
A primeira tarefa é a mais ingrata, pois ser-se justo é um trabalho constante e não uma obra concluída. Prevalece, neste caso, o gosto (muito) pessoal e as ligações de proximidade, pretérita e contínua ou conquistada nesta imensa troca que é a blogosfera.
Enfim, atribuo o Prémio, sem ordem ou correcta cautela, aos seguintes blogues:
"O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogues que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores"
Lemnisca é uma "curva geométrica com a forma semelhante à de um 8; lugar geométrico dos pontos tal que o produto das distâncias a dois pontos fixos é constante".
Lemniscato: ornado de fitas, do grego Lemniskos e do latim Lemniscu, fita que pendia das coroas de louro, destinadas aos vencedores (Dicionário de Língua Portuguesa, Porto Editora).
O símbolo do infinito é um 8 deitado, semelhante à fita, sem interior nem exterior, tal como no anel de Mobius, que se percorre infinitamente. Texto da Editora "Pérola da Cultura.
Coimbra I (noite escura)

Coimbra II (junto à manhã)

sábado, 18 de julho de 2009

Sinto o sangue a competir
Com a tinta que desenha o verbo:
As veias suplicam a velocidade
Que quase alcança a palavra
E, no limite do tempo corrompido,
Salvar-te da prisão dos nomes.
Envolver-te
Antes que as sílabas te zunam
E dilacerem a liberdade do silêncio.
Se eu não chegar a tempo
Virá (outro)
Regar em sangue novo
Criando
O mundo e o eterno como sempre foram:
Aquém do gesto,
Além da palavra.

(19.05.09)

Naquele (perdido) tempo...

lá longe
substituíamos as horas
pelos beijos futuros nunca dados
perdidos à porta da condescendente vergonha.
foi o diabo que nos afiançou
sempre haver tempo
prometendo grandezas
se evitássemos gestos.
sabia de cor as linhas do tabliê
muito melhor que os riscos das sebentas
e de saber sem sabor
faltou o gosto dos teus lábios
- embora de tanto os sonhar humedecidos
possa chorá-los nas gotas da memória.
(5.02.2009)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

John Coltrane


quando olhei o espelho
reparei que tinhas esquecido o rosto
ao despedir do mundo
os teus desejos de conquista
quis Deus que se ausentou contigo
lembrar-te esse esquecimento
para menos eu esquecer tua lembrança
(18.05.09, sobre um poema de Luís Falcão)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dá a saudade, mesmo que ainda te veja

espera por mim

Quadratura do círculo onde me cercas

o som que zune nos retábulos
da minha memória
carrega uma incomodação desusada
porque se estatela em partículas
que são lascas de um espelho
onde permaneceu a tua figura angélica;
cada pedaço revela
o teu particular,
e a tua unidade,
e o grito de luz
escolhe as expressões mais enigmáticas.
para que eu resolva uma equação impossível,
tradução de quem és.
(21.05.2009)

As aves andam tontas com a gripe humana

à procura dos xanax

Preso à impossibilidade de esquecer

não fossem os anzóis
(o nome que escolhi para a tua saudade)
e podia partir, atravessando o mundo;
descobrir uns olhos
que apaguem os teus.
e viria de volta,
completado com o silêncio
das palavras que já te não lembro.
(12.05.2009)
jogos de luz, verde e água

domingo, 12 de julho de 2009

Tombam pesadas as tuas leves pétalas

Deixei de apanhar as pétalas
da flor que me abandonaste
no dia
quando chorei as letras do
bilhete esquecido na mesa da cozinha.
Quando murchou a derradeira, festejei.
Não sei o quê, não sei para quê...
Disse-me que ganhei a liberdade
mas a liberdade é tão impúdica
no linho do lençol que sobra.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Meus julhos

1. Sou Julho,
estou explicado só pelo sol

Meu erro
é procurar um território
apto a nascer

A única geografia
que me aceita é a poesia

Como a chuva 
que repousa entre nuvem e terra
me escrevo
na ausência de todas as línguas

2. Me esqueço-me:
só me falto eu
para ficar todo só

3. Antes de nascer
já eu tinha envelhecido tudo

Por isso,
não me espanta
o casal de pedras
nem a árvore que engravidou

Minha doença,
felizmente,
é muito miraculável

Mia Couto, Raiz de Orvalho e outros poemas

terça-feira, 7 de julho de 2009

Comentários

A propósito desta notícia deixei o seguinte comentário:

"A Cultura da Excelência:
É curioso como as estruturas de produção do discurso político encontram sempre miríades argumentativas apenas talhadas para rotularem como despropositada a opinião contrária àquela que se quer instituir como válida. E isto apesar de tudo quanto já se sabe acerca do assunto em questão. Ora vejamos: a propósito da média positiva nos exames de matemática, ouvi na SIC este Senhor Secretário de Estado dizer que a mesma cala muitos velhos do Restelo que prenunciavam o descalabro. Encontraram algo de positivo num outro tanto que assusta. De facto, ao invés de se poder pensar que o noticiado aumento para o dobro das notas negativas apenas se deve à ideia de facilitismo que foi sendo inculcada nos alunos, não será mais natural pensar que este é somente o resultado de um verdadeiro laisser-faire progressivo que se foi instalando? Na minha modesta opinião, os exames, o ensino, ao contrário de outros tempos bem recentes - fui aluno de Secundário entre 94-97 - não é mais uma cultura de Excelência, mas sim uma cultura de resultados, a obter a qualquer custo. Será, pois, assim tão descabido pensar que tudo redunda num verdadeiro esquema Ponzi, agora tão na moda? Vejamos, a partir do momento em que são dados exames ditos acessíveis mas que comportam em si um grau de dificuldade desconforme à exigência que se espera, não haverá resultado mais natural do que aquele em que, no fim de tudo, o que era querido como fácil, para criar a ilusão de sucesso escolar, se torne mesmo muito complicado."

A "treila" da noite

segunda-feira, 6 de julho de 2009

domingo, 5 de julho de 2009

Viúvo na lembrança da poesia

A casa onde perco os meus dias
(cheios de letras, parcos d'alegrias)
tem o granito escuro da memória
e à porte, em cima, o V da vitória.

Castigo aos franceses, desleais
que a destruíram em oitocentos.
À varanda meus melhores momentos
no escuro dos lustres siderais.

À noite poeto. Na vista o céu
e à esquerda o leve casario.
Guardo o teu retrato junto ao meu
antes do leve sopro derrubar o pavio.

E quando me escondo na cama fria
depois d'agradecer as horas do meu dia
percorre-me a alma um arrepio lento
de te saber, cedo demais, no firmamento.
composição bicolorida, focada à direita

precisava

precisava de te aconchegar o ouvido
com estes lábios
que guardam a palavra mágica
e, assim, em silêncio,
esperar a tua inteira
compreensão do mundo,
ditongo de perdão,
dedos que fazem de abraço
em rodeio de amor.
(27.04.2009)

Boa Noite, acrescento

agora, o frio gelou-se sobressaltado
e podemos reerguer as mãos
fora do linho.
o sono sonha um regresso amistoso
e horas de entrega devoluta.
dou-te o beijo
que guardava tempos sem conta
e guardarás até à aurora das manhãs.
(27.04.2009)

nada mais...

desvendo o repouso
na magnitude
de uma apropriação nova:
a palavra foi descoberta
e o dia já não cai,
a noite não vence.
o tempo parou.
(20.05.2009)

Sem título nem palavras

a criança senta-se sobre o mundo
com a infinita distracção da posse eterna
e vagueia um regresso
ao ventre - dádiva
com que se repartem
as estrelas mais distantes.
sem uma lágrima,
sem uma prece;
só ela encanta
o destino da união,
plenitude de respirar
vento e tempo
no mesmo peito
por crescer.
(9.05.2009, lendo Daniel Faria)

sábado, 4 de julho de 2009

Rosa, vestida de branco no escuro

pintas de branco os escuros da noite
limas os espinhos que libertam a ferida
por ti, bela rosa, todo o mundo se afoite
nos silêncios que são a tua voz sentida

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sophia de Mello Breyner Andresen




Retrato de uma princesa desconhecida

Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
Apesar do atraso, a nossa homenagem!

Jim Morrison


Já não era sem tempo...

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7
7

(por essas e por outras)