terça-feira, 31 de março de 2009
Momentos
segunda-feira, 30 de março de 2009
contínuo
infinito de ponto
quarto de ponto
1/2 ponto. ponto
linha, traço
gesto
palavra
protesto.
e volto ao início.
infinito.
domingo, 29 de março de 2009
Desassossego
Bernardo Soares, Livro do Desassossego
sexta-feira, 27 de março de 2009
sonhando...
E mais sonhando, vejo de repente
Ser a forma do teu rosto
Que me mantém o gosto
De confundir sonhar e viver.
Hei-de acabar por crescer.
Mas agora
A cada hora
Invento um pesadelo
Para que nesse novelo
Onde me enrolas de encanto
Só de ti o grande espanto
Seja a visão do mundo.
Nem que o seja um só segundo.
quinta-feira, 26 de março de 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
The Return
Movements, and the slow feet,
The trouble in the pace and the uncertain
Wavering!
See, they return, one, and by one,
With fear, as half-awakened;
As if the snow should hesitate
And murmur in the wind,
and half turn back;
These were the "Wing'd-with-Awe,"
Inviolable.
Gods of the wingèd shoe!
With them the silver hounds,
sniffing the trace of air!
Haie! Haie!
These were the swift to harry;
These the keen-scented;
These were the souls of blood.
Slow on the leash, pallid the leash-men!
Copyright (c) 1926, 1935, 1971 Ezra Pound
terça-feira, 24 de março de 2009
Watchmen
A tarefa, nada fácil, de adaptar a BD do Genial Alan Moore está, na minha modesta opinião, muito agradável.
Spring time movie
Não sou muito fã de montagens. Contudo, a música está bem adequada ao filme que me faz sempre voltar a tempos de Primavera.
Doro Pesch, "Love me in Black"
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e nao estamos de maos enlaçadas.
(Enlacemos as maos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e nao fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as maos, porque nao vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixoes que levantam a voz,
Nem invejas que dao movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagaos inocentes da decadencia.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as maos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Ricardo Reis
sábado, 21 de março de 2009
21 de Março: Poesia
Rudes e breves as palavras pesam
mais do que as lajes ou a vida, tanto,
que levantar a torre do meu canto
é recriar o mundo pedra a pedra;
mina obscura e insondável, quis
acender-te o granito das estrelas
e nestes versos repetir com elas
o milagre das velhas pederneiras;
mas as pedras do fogo transformei-as
nas lousas cegas, áridas, da morte,
o dicionário que me coube em sorte
folheei-o ao rumor do sofrimento:
ó palavras de ferro, ainda sonho
dar-vos a leve têmpera do vento.
Carlos de Oliveira, Soneto, Cantata,
Trabalho Poético, Assírio & Alvim, 2003
MAR
quinta-feira, 19 de março de 2009
quarta-feira, 18 de março de 2009
jPod
UI
HJK
NM
Eu respondi que não.
O Cowboy disse: - estou gelado ou coisa assim.
A Kaitlin, surpreendendo-nos por trás da sua parede do cubículo, fungou e disse (sem se levantar):
- Estás gelado porque não tens personalidade. Não passas de uma amálgama deprimente de influências de cultura pop e emoções reprimidas, arrastada pelo motor engasgado da mais banal forma de capitalismo. Passas a vida na sensação de estares mesmo à beira de te tornares obsoleto, obsoleto ao nível do mercado de trabalho ou fora de moda a nível cultural. E isso persegue-te. Vive-se e morre-se de acordo com um ciclo de desenvolvimento. És uma drosófila embelezada, e a empresa regula arbitrariamente os teus ciclos de vida. Se não é um período de dezoito meses de produção de um jogo condicionado pelo orçamento, é um período de cinco anos de obsolescência de hardwere. A cada cinco anos tens de deitar fora tudo o que sabes e aprender todo um novo conjunto de especificidades de hardwere e softwere, relegando o que um dia foi crucial para as nossa vidas para um monte de escória de dimensões cósmicas.
O Cowboy meditou nestas palavras.
- Sim, e então, qual é o problema?
- O problema é que isso é o mesmo que seres um trabalhador explorado de uma fiação no interior do Massachussetts do século XIX. É o mesmo que andares a coser Nikes num qualquer arquipélago asiático meio corrupto a troco de um dormitório mal arejado e $1,95 por dia.
Douglas Coupland, jPod, teorema, 2008
terça-feira, 17 de março de 2009
Momentos II
Desde aquele último fim-de-semana passado com Luísa, ainda Inverno, nunca mais tinha tido notícias dela. Era demasiado tempo.
E embora pudesse até pensar que, no final de contas, era como o ditado dizia, o certo é que, neste seu triste caso, a distância apenas lhe trazia um sabor agridoce, juntamente com as recordações dos intensos momentos que partilharam.
João tinha mais que razões para acreditar que ficaria prisioneiro de tais memórias para o resto da sua vida.
A paixão que sentia por Luísa assim o ditava. Sem apelo, nem agravo. Levando o copo de balão à boca, procurou naquele sabor doce e quente o toque desses lábios, agora distantes.»
Alexandre Villas-Diogo, "Momentos"
segunda-feira, 16 de março de 2009
domingo, 15 de março de 2009
Time
vvvvvvvMarcus Aurelius - Meditations
sábado, 14 de março de 2009
Ficções 2.0
sexta-feira, 13 de março de 2009
Gira-Discos
Uma senhora chamada Simone... Não de Oliveira, mas White.
quinta-feira, 12 de março de 2009
Tour de Blog
O Blasfémias traz, por ora, considerações curiosas acerca do emprego das novas tecnologias na área mais importante da cidadania.
No que toca ao Ensaio Geral, este é um blogue de uma das esperanças mais promissoras do cinema luso. E digo isto porque, privando de perto com o seu Autor, noto-lhe rasgos de verdadeiro génio, tanto na escrita, como na criatividade, sem esquecer um verdadeiro bom gosto em tudo quanto de si e dos seus interesses dá a conhecer.
Aqui fica a sugestão. À minha confiança!
Vigo, Alvalade e Allianz Arena
Anteontem, a Administração da SAD do Sporting pediu desculpa pela maior derrota registada, em termos de agregado de eliminatória - doze golos, contra um - na Liga dos Campeões Europeus.
como
fazes sempre o último instante
do teu nascimento
como se todas as palavras
fossem 1a
e
a energia do OLHAR
1
clarão infniiiiiiiiiiiiiiiiiito
.......
nem maçã
nem andorinha
o acaso só, de uma brisa inesperada
a resposta do mundo, tal a minha:
sorte ou não. é vida. é nada.
O que ele disse
dava um ano de ordenado por um momento
da minha inocência perdida
nnnnnnnnnnnnnnnnnnn(Molero, a páginas zero)
quarta-feira, 11 de março de 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
sem noção
quando apago os olhos a cada noite
e misturo ao longo de permeio
tudo o que já não suporto ser
só meu como o mover
do lençol que te recorda
o dorso suplicante
o olhar fora de moda
porque teu
- ciumento do futuro eu me entrego
a esse jogo perigoso do medo –
acordo pela alvorada já perdido
sem noção do perigo
domingo, 8 de março de 2009
Mulher
As restantes mulheres que me perdoem, caso consigam, a minha mente.
sexta-feira, 6 de março de 2009
Poema Patético
É o amor que está acabando,
é o homem que fechou a porta
e se enforcou na cortina.
Que barulho é esse na escada?
É Guomar que tapou os olhos
e se assoou com estrondo.
É a lua imóvel sobre os pratos
e os metais que brilham na copa.
Que barulho é esse na escada?
É a torneira pingando água,
é o lamento imperceptível
de alguém que perdeu no jogo
enquanto a banda de música
vai baixando, baixando de tom.
Que barulho é esse na escada?
É a virgem com um trombone,
a criança com um tambor,
o bispo com uma campainha
e alguém abafando o rumor
que salta do meu coração.
Carlos Drummond de Andrade
Antologia Poética, Relógio D'Água, 2007
quinta-feira, 5 de março de 2009
Glossário Avulso
são gostos, menina xpto
todo em ti me cerco de mar
e nas formas do teu corpo, uma a uma
dito palavras impossíveis d’ inventar