domingo, 30 de dezembro de 2007
08 ao 07
mais a ti, zero-sete, que bem sabes deste assunto
e que vejo, abatido e triste, cansado de dias e dias,
depois de um ano completo com escassas alegrias.
Dizes que sim, agora, pois tanto dá, tanto te faz,
sabes muito bem que o passado não volta atrás.
Que não há outra maneira, teimas-me no espanto:
que a vida é só um cada dia, e este enquanto.
Se assim tem que ser... assim bem que seja,
mas trezentos e sessenta e seis sem tristeza
parece-me muito mais do que posso aguentar;
enfim, se for útil, guardo ainda o 07 p'ra lembrar.
sábado, 29 de dezembro de 2007
Aquilo que não lhe entrava pela cabeça
Quando se casou não o fez por sentir amor, fê-lo porque procurava uma solução e todos os dias repetia: “nunca fui tão feliz!”. Mas eu nunca soube se ela procurava convencer os outros ou se procurava uma forma desesperada de auto convencimento.
A flor lentamente secou
Os cravos estão secos nas bermas das estradas, junto aos passeios.
A minha cidade lentamente definha.
O meu país lentamente definha, não interessa aquilo que surge das funestas tentativas para remediar esta situação. Este é o nosso espaço… um jardim sedento de sol, água e esperança.
Unhappy Birthday
'Cause you're evil
And you lie
And if you should die
I may feel slightly sad
(But I won't cry)
Loved and lost
And some may say
When usually it's Nothing
Surely you're happy
It should be this way ?
I say "No, I'm gonna kill my dog"
And : "May the lines sag
the lines sag heavy and deep tonight"
A minha pátria é a língua portuguesa, e só;
Outros cantares, falares diversos, tenham dó!
Sei que me davam um lugar no estrangeiro,
Conferências e palestras no mundo inteiro.
Podia vir a conhecer belas italianas,
Dormir com elas todas as semanas;
Apaixonar-me por boas espanholas,
Ensaiar nelas o toque das castanholas.
Suecas, eslovacas, gregas, finlandesas,
Requintes lautos de camas e mesas;
Andar por o aí contente e radiante,
Ser um português muito importante.
Mas não, insisto que não quero
Por muito que louvem o esmero
Que tenho deixado aqui e além,
Sempre fixado na língua mãe.
Se me derem sabática pró poema
Fico contente: assim já vale a pena;
O mais é que não: deixem-me estar
A dormitar, a pensar, a dormitar…
Aguardando a ideia num barco à vela
E seguir firme, bem amarrado nela
A dizer, esta língua é todo o mundo;
Outras, isso não, nem por um segundo.
(14.12.2007)
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
receio...
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
quando...
Porquê?
Gostava de viver duas vezes
Para arriscar os mesmos dramas
Saborear as mesmas graças
Repetir.Repedir.
Se peço em Deus
Sinto descaramento
Lamento
Seria a resposta mais merecida.
Mas se não peço
Nem serve a vida.
Um dia destes deixo
Falta saber o quê.
06.2006
Quando, porquê?
Gostava de viver duas vezes,
para arriscar os mesmos dramas,
perder-me nas mesmas camas,
saborear as mesmas graças
ou desgraças.
Repetir.
Repedir.
Se peço a Deus
sinto descaramento.
- Lamento,
seria a resposta merecida.
Mas se nem peço
não serve a vida.
12.2007
setembro
Vinte anos que há ou que só tínhamos?
Sei que a neblina enevoava a manhã,
o Mondego deixava capas em sobra,
o gosto do teu beijo era cerveja.
Que seja!
Foi nessa entrega que perdeste o lance...
tanto fazia;
e ficou vazia
a margem.
Quantos sonhos sonhamos sem dormir
só nessa noite?
Só nessa noite
eu sonhei três, talvez:
amor, amor, amor, Amor.
06.2006
sábado, 22 de dezembro de 2007
Philip ROTH, The Dying Animal.
Sailing to Byzantium
I
That is no country for old man. The young
In one another's arms, birds in the trees -
(...)
III
O sages standing in God's holy fire
An in the gold mosaic of a wall,
Come from the holy fire, perne in a gyre,
And be the singing-masters of my soul.
Consume my heart away, sick with desire
And fastened to a dying animal
It Knows not what it is; and gather me
Into the artifice of eternity.
W. B. YEATS, The Tower
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
canção de natal
O som vai até ao céu
O mundo fica sabendo
Que jesus Cristo nasceu.
Ó meu Menino Jesus
Como tu não há igual
Dá-me um brinquedo bonito
No dia do teu Natal.
Tu nasceste pobrezinho
Na grutinha de Belém
A tua mãe é a minha
A minha é a tua mãe.
(Célia Almeida)
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Blues fúnebres
Parem todos os relógios e cortem o telefone
Entreguem um osso ao cão para que não sone
Silenciem os pianos e, em suave caminhar
Tragam p’ra fora o caixão e venham chorar.
Que os aviões o sobrevoem num gemido
Desenhando no céu a mensagem Falecido.
O papo branco das rolas de crepes se traça
E os sinaleiros calçam luvas de desgraça.
Ele era o Sul, o Leste, o Oeste e o meu Norte
A semana de trabalho e o Domingo de sorte
O meu meio-dia e a meia-noite, meu falar e cantar
Cuidava que o amor durava, mas era a enganar.
Não mais quero estrelas: cada qual seja apagada
E que seja demolido o Sol e a Lua emalada
Esvaziem o oceano e o bosque por igual
Pois daqui em diante tudo virá por mal.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
a canção das ingénuas
Nous sommes les Ingénues,
Aux bandeux plats, á l'oiel blue,
Qui vivons, presque inconnues,
Dans les romans qu'on lit peu.
Nous allons entrelacées,
Et le jour n'est pas plus pur
Que le fond de nos pensées,
Et nos rêves sont d'azur:
Et nous courrons par les prés
Et rions et babillons
Des aubes jusqu'aux vesprées,
Et chassons aux papillons;
Et des chapeaux de bergères
Défendent notre fraîcheur,
Et nos robes - si légères -
Sont d'une extrême blancheur;
Les Richelieux, les caussades
Et les chevaliers Faublas
Nous prodiguent les oeillades,
Les saluts et les "hélas!"
Mais en vain, et leurs mimiques
Se viennent casser le nez
Devant les plis ironiques
De nos jupons détournés;
Et notre candeur se raille
Des imaginations
De ces raseurs de muraille
Bien que parfois nous sentions
Battre nous coeurs sous nos mantes
A des pensers clandestins,
En nous sachant les amantes
Futures des libertins.
Paul Verlaine
(Poemas saturnianos e outros)
quanto puderes...
tenta ao menos isto,
quanto puderes:
não a disperses em mundanas cortesias,
em vã conversa, fúteis correrias.
Não a tornes banal à força de exilada,
e de mostrada muito em toda a parte
e a muita gente,
no vácuo dia-a-dia que é o deles
- até que seja em ti uma visita incómoda.
Constantino Cavafy (1913)
When You Are Old
And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false and true,
But one man loved the pilgrim soul in jou,
And loved the sorrows of your changing face,
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face amind a crowd of stars.
W. B. Yeats
(Os pássaros brancos e outros poemas)
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
the body artist
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
natal
(abrigado em lonas e cartão)
avançando a desculpa do Natal
e uma treta de ter q'dar a mão.
Cheguei, estava tudo a gelar,
um frio que abrasava os ossos.
Bem melhor é dar um salto ao bar:
uns finos sempre apagam os remorsos.
Há anos que combinas este adeus...
Como podia andar tão distraído?
Agora é tarde p'ra ver, menino Deus
que eras quem segredava ao ouvido.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
rm
esgotado de espanto,
imagino, sonho, minto
além do que vejo e sinto:
a voz doce do teu nome engano,
o tom de mentires, frágil,
o sopro de teus olhos onde abano
o medo de fugir, não fora ágil.
Até no fumo que sobe
o teu batom
oiço esse som
do teu nome.
Um ponto incandesce
e desce
da ponta do cigarro parado
que o lábio guarda, alheado.
Sonho, daí partindo,
ir indo, ir indo...
percorrer a brasa do teu ser
até poder...
sempre seguindo,
e entender
lá no (teu) fundo
o fim do Mundo.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
1. poema simples
do melhor do que há em nós
ou a vergonha cansada
de ter ainda outra voz
em rima pobre sem nexo
nem louvor na embaixada
Do nosso amor fica sempre
um gosto a coisa deixada
para os mistérios do sexo
como roupa desleixada
só eu sei como te deito
na minha mão debruçada
(...)
Eu era, se é que era,
mais um aroma no ar
a voz ao longe que espanta
quando cessa de cantar
ou outra imagem qualquer
capaz de a ti acordar.
(...)
António Franco Alexandre, Uma Fábula.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
blues fúnebres
Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky tle message He Is Dead
Put crêpe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever. i was wrong.
The stars are not wanted now, put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.
W. H. Auden, Another Time (1940)
domingo, 9 de dezembro de 2007
lágrima de preta
Recolhi a lágrima/com todo o cuidado/num tubo de ensaio/ bem esterilizado.
Olhei-a de um lado/do outro e de frente/tinha um ar de gota/muito transparente.
Mandei vir os ácidos/as bases e os sais/ as drogas usadas/em casos que tais.
Ensaiei a frio/experimentei ao lume/de todas as vezes/deu o que é costume.
nem sinais de negro/nem vestígios de ódio/Água (quase tudo)/e cloreto de sódio.
António Gedeão, Máquina de Fogo (1961)
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Dois cigarros
dell'asfalto sui corsi che si aprono lucidi al vento.
Ogni rado passante ha una faccia e una storia.
Ma a quest'ora non c'è piú stanchezza: i lampioni a migliaia
sono tutti per chi si sofferma a sofferma a sfregare un cerino.
La fiammella si spegne sul volto alla donna
che mi hai chiesto un cerino. Si spegne nel vento
e la donna delusa ne chiede un secondo
che si spegne: la donna ora ride sommessa.
Qui possiamo parlare a voce alta e gridare,
che nessuno ci sente. Leviamo gli sguardi
alle tante finestre - occhi spenti che dormono -
e attendiamo. la donna si stringe le spalle
e si lagna che ha perso la sciarpa a colori
che la notte faceva da stufa.
(...)
Cesare Pavese, Dopo (Lavorare stanca)
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
Carta aos "Puros"
E em cujos olhos queima um lento fogo frio
Vós de nervos de nylon e de músculos duros
Capazes de não rir durante anos a fio.
Ó vós, homens sem sal, em cujos corpos tensos
Corre um sangue incolor, da cor alva dos lírios
Vós que almejais na carne estigma dos martírios
E desejais ser fuzilados sem lenço.
(...)
Ó vós, a quem os bons amam chamar de Puros
E vos julgais os portadores da verdade
Quando nada mais sois, à luz da realidade,
Que os súcubos dos sentimentos mais escuros.
Ó vós que só viveis nos vórtices da morte
E vos enclausurais no instinto que vos ceva
Vós que vedes na luz o antónimo da treva
E acreditais que o amor é o túmulo do forte.
(...)
Ó vós que vos negais à escuridão dos bares
Onde o homem que ama oculta o seu segredo
Vós que viveis a mastigar os maxilares
E temeis a mulher e a noite, e dormis cedo.
Ó vós os curiais; ó vós, os ressentidos
Que tudo equacionais em termos de conflito
E não sabeis pedir sem ter recurso ao grito
E não sabeis vencer se não houver vencidos.
Ó vós que vos comprais com a esmola feita aos pobres
Que vos dão Deus de graça em troca de alguns restos
E maiusculizais os sentimentos nobres
E gostais de dizer que sois homens honestos.
Ó vós, falsos Catões, chichisbéus de mulheres
Que só articulais para emitir conceitos
E pensais que o credor tem todos os direitos
E o pobre devedor tem todos os deveres.
Ó vós que desprezais a mulher e o poeta
Em nome de vossa vã sabedoria
Vós que tudo comeis mas viveis de dieta
E acheis que o bom do alheio é a melhor iguaria.
Ó vós, homens da sigla; ó vós, homens da cifra
Falsos chimandos, calabares, sinecuros
Tende cuidado porque a Esfinge vos decifra...
E eis que é chegada a vez dos verdadeiros puros.
Vinicius de Moraes, Para Viver Um Grande Amor.
Calle Principe, 25
a profundidade dos campos
os enigmas singulares
a claridade que juramos
conservar
mas levamos anos
a esquecer alguém
que apenas nos olhou
José Tolentino Mendonça, Baldios
Anoitecer
Nem as aves clinicam:
o vento encrespando as gralhas
contra o céu que se exila,
além da obscuridade, das janelas que seguem
nas paredes imóveis;
um tempo só de ida, com seu curso
erosivo em nosso leito,
e essa atilada luz eléctrica,
explicam a tua vinda,
meu amor. E escrevo
(...)
Sebastão Alba (A noite dividida)
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
domingo, 2 de dezembro de 2007
Fallig man
"- O que virá a seguir? Não te interrogas? Não apenas para o mês que vem. Nos anos vindouros.
- Não se vai seguir nada. Não há a seguir. Isto foi o a seguir. Há oito anos puseram uma bomba numa das torres. Ninguém perguntou o que ia acontecer a seguir. O que se seguiu foi isto. O momento certo para ter medo é quando não há razões para ter medo. Agora é tarde de mais.
Lianne estava de pé, junto à janela"
sábado, 1 de dezembro de 2007
Noticias
P D
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
Deixá-los ir
chuvisco
(In “Diários”)
Inverno
Dá a surpresa
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?
Fernando PESSOA (1930)
Liberdade
NÃO HÁ NENHUM VESTÍGIO DE IMPUREZA,
AQUI ONDE HÁ SOMENTE
ONDAS TOMBANDO ININTERRUPTAMENTE,
PURO ESPAÇO E LÚCIDA UNIDADE,
AQUI O TEMPO APAIXONADAMENTE
ENCONTRA A PRÓPRIA LIBERDADE
SOPHIA
Mãe Ilha IV
Chegam-lhe as tuas mãos ledas e leves;
Trazem-lhe a valsa que enchia de cristais
A casa e eras de louça mãe de Sèvres.
Lá nas fajãs partiu-te um sopro a mais
Que a morte é cio de belezas breves,
Mas ó mistério de dedos siderais!,
Um triz de música e uma azálea escreves.
(...)
Natália Correia
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Alegres campos ...
claras e frescas águas de cristal,
que em vós os debuxais ao natural,
discorrendo da altura dos rochedos;
Silvestres montes, ásperos penedos,
compostos em concerto desigual,
sabei que, sem licença do meu mal,
já não podeis fazer meus olhos ledos.
E, pois me já não vedes como vistes,
não me alegram verduras deleitosas,
nem águas que correndo alegres vêm.
Semearei em vós lembranças tristes,
regando-vos com lágrimas saudosas,
e nascerão saudades de meu bem.
LUÍS VAZ DE CAMÕES
terça-feira, 27 de novembro de 2007
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Eva
- Porque te manténs tão distante? Perguntou ela - dizer o que pensa nunca foi o seu forte.
E eu ponderei a possibilidade de me manter calado, mas fazer aquilo que quero nunca foi o meu forte.
- Porque estou cansado. Disse eu, com a boca preenchida de cartilagens e tutano.
domingo, 25 de novembro de 2007
Vou...
Na reformada fórmula, reformulo o propósito;
Apropósito e, despropósito, parto:
Erguendo a bandeira que escondo,
E escolho silêncio.
Só interno compromisso me compromete:
Deixar este frete e outro erguer.
Até poder.
Vou-me por aí, que sei por onde não passo.
Vou-me;
Tão-só e me enlaço,
Até que desfaço o mundo antigo.
Vou amigo do perigo. Mas vou.
sábado, 24 de novembro de 2007
Homem
Tomou o homem como obra de natureza indefinida e, colocando-o a meio do mundo, assim lhe falou: "Não te demos, Adão, lugar certo, aspecto próprio ou qualquer tarefa específica, a fim que o lugar, o aspecto ou a tarefa os obtenhas segundo teu parecer ou decisão. Os restantes seres têm a natureza circunscrita por leis que predefinimos.
Tu, livre e ilimitado, determinas as tuas leis segundo o arbítrio do poder que te entreguei. Coloquei-te no centro do Mundo para que daí possas olhar melhor tudo quanto no Mundo há.
Não te fizemos celeste nem terrestre, nem mortal nem imortal, a fim de que tu mesmo, árbitro e soberano artífice de ti, te plasmasses e enformasses na forma escolhida. Aos seres que são as bestas podes degenerar-te; às realidades superiores regenerar-te; mas tudo por decisão de teu livre ânimo.
G. Pico della Mirandola
Orazione sulla dignità dell'uomo.
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
O aviador irlandês que intui a morte
Sei que vou encontrar o meu fim
Algures, nas nuvens altas dos céus
Não combato quem me odeia a mim
Nem defendo nenhum dos meus
Eu sou de Kiltartan Cross
Os meus são os pobres de lá
Não os animaria qualquer fim que fosse
Não mais felizes os tornará
Dever algum ou lei me ordenou fazer
Nenhum estadista ou multidão em clamor
Apenas um impulso solitário, o prazer
me conduziu, nas nuvens, a este horror
Tudo pensei, tudo pressenti
Os anos futuros eram vã sorte
Vão alento aqueles que já vivi
D'equilíbrio com a vida está esta morte.
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Um aviador irlandês...
I knouw that I shall my fate
Somewhere among the clouds above;
Those that i fight do not hate,
Those that Iguard i do not love;
My country is Kiltartan Cross,
My coutrymen Kiltartan's poor,
No likely end could bring them loss
Or leave them happier than before.
Nor law, nor duty bade my fight,
Nor public men, nor cheering crowds,
A lonely impulse of delight
Drove to this tumult in the clouds;
I balanced all, brought all to mind,
The years to come seemed waste of breath,
A waste of breath the years behind
In balance with this life, this death.
W.B.YEATS, The wild swans at coole (1919)
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Nem uma pista...
- A menos que não haver pistas seja uma pista - disse ele.
- Não haver pistas é uma pista?
(...)
sábado, 17 de novembro de 2007
Sem título
Passo ao alcance de um trejeito e confundes-me com o resto do Mundo, Tanto dá...
E nem a súplica que te deixo alcança teu perdão; nem o sorriso que desenho atinge o teu reparo. Nem nada, nem ninguém me consentem ousar uma espera; um ténue enlevo que fosse.
Desde há dias que não te sonho, mesmo nas noites geladas em que me recolho cedo. Levanto-me a meio da aurora sem te lembrar, e fico triste.
Ainda há meses acordava contigo numa memória de pétalas e cheiros.
Sabes que o teu aroma tem o mesmo som do olhar que me escondes? Sabes a que cheiram os teus lábios, a que sabem os teus olhos, Cereja?
O azul, se é cinzento, sabe-me igual à cor da chuva, quando cai triste em folhas de Outubro. Se o Sol te rasga, Cereja, já os olhos me cheiram ao redondo dos malmequeres, num meio-dia de Maio.
O que me doi - mais de manhã, quando a falta de lembrança me não deixa esquecer-te - é não poder cantar-te o que o silêncio me revela, entoar-te um hino com a fé de um surdo, ser-te Mozart sem pintar uma nota.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Ausência
CARACTERISTICAS DA PUBLICAÇÃO
Título: "Ausência: Paisagem Urbana e Social"
Autor: © Pedro Medeiros, 2007Edição: Associação Existências/Pedro Medeiros
Capa brochada 15x20cmNúmero de Páginas: 60 - Peso: 0,100 kg
ISBN 978-989-95433-0-0
PVP: 10.00€
LOCAIS DE VENDA
FNAC's:
COIMBRA - Fórum Coimbra (Loja 1.03) - Telefone: 239 801 600
E-mail:mailto:fnac.coimbra@fnac.pt
SANTA CATARINA - Rua Stª Catarina, 73 - Telefone: 22 340 32 00
E-mail:mailto:stacatarina@fnac.pt
CHIADO - Rua do Carmo, nº 2 (Loja 407) - Telefone: 21 322 18 00
E-mail:mailto:chiado@fnac.pt
COIMBRA (Outros Locais):
Livraria XM - Rua de Quebra-Costas, 7 - Telefone: 239 821708
E-mail:mailto:geral@xm.com.pt
ASSOCIAÇÃO EXISTÊNCIAS - Rua das Padeiras, n.º 27 3.º A
Telefone: 912366639
E-mail:a.existencias@gmail.com
O fotógrafo coloca à disposição dos interessados os seguintes contactos adicionais:
E-mail:mailto:pmedeiros69@netcabo.pt
URL: www.myspace.com/pedromedeiros
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
The more you ignore me
The closer I get
You're wasting your time
The more you ignore me
the closer I get
You're wasting your time
I will be
In the bar
With my head on the bar
I am now
A central part
Of your mind's landscape
Whether you care
Or do not
Yeah, I've made up your mind
The more you ignore me
The closer I get
You're wasting your time
Beware!
I bear more grudges
Than lonely high court judges
When you sleep
I will creep into your thoughts
Like a bad debt that you can't pay
Take the easy way
And give in
Yeah, and let me in
Oh, let me in
It's war
It's war
It's war...
Morrissey
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Das Schweigen der Sirenen
Um sich vor den Sirenen zu bewahren, stopfte sich Odysseus Wachs in die Ohren und ließ sich am Mast festschmieden. Ähnliches hätten natürlich seit jeher alle Reisenden tun können (außer jenen welche die Sirenen schon aus der Ferne verlockten) aber es war in der ganzen Welt bekannt, daß das unmöglich helfen konnte. Der Gesang der Sirenen durchdrang alles, gar Wachs, und die Leidenschaft der Verführten hätte mehr als Ketten und Mast gesprengt. Daran nun dachte aber Odysseus nicht obwohl er davon vielleicht gehört hatte, er vertraute vollständig der Handvoll Wachs und dem Gebinde Ketten und in unschuldiger Freude über seine Mittelchen fuhr er den Sirenen entgegen.
Nun haben aber die Sirenen eine noch schrecklichere Waffe als ihren Gesang, nämlich ihr Schweigen. Es ist zwar nicht geschehn, aber vielleicht denkbar, daß sich jemand vor ihrem Gesange gerettet hätte, vor ihrem Verstummen gewiß nicht. Dem Gefühl aus eigener Kraft sie besiegt zu haben, der daraus folgenden alles fortreißenden Überhebung kann nichts Irdisches widerstehn.
Und tatsächlich sangen, als Odysseus kam, diese gewaltigen Sängerinnen nicht, sei es daß sie glaubten, diesem Gegner könne nur noch das Schweigen beikommen, sei es daß der Anblick der Glückseligkeit im Gesicht des Odysseus, der an nichts anderes als an Wachs und Ketten dachte, sie allen Gesang vergessen ließ.
Odysseus aber, um es so auszudrücken, hörte ihr Schweigen nicht, er glaubte, sie sängen und nur er sei behütet es zu hören, flüchtig sah er zuerst die Wendungen ihrer Hälse, das Tiefatmen, die tränenvollen Augen, den halb geöffneten Mund, glaubte aber, dies gehöre zu den Arien die ungehört um ihn erklangen. Bald aber glitt alles an seinen in die Ferne gerichteten Blicken ab, die Sirenen verschwanden ihm förmlich und gerade als er ihnen am nächsten war, wußte er nichts mehr von ihnen.
Sie aber, schöner als jemals, streckten und drehten sich, ließen das schaurige Haar offen im Wind wehn, spannten die Krallen frei auf den Felsen, sie wollten nicht mehr verführen, nur noch den Abglanz vom großen Augenpaar des Odysseus wollten sie solange als möglich erhaschen.
Hätten die Sirenen Bewußtsein, sie wären damals vernichtet worden, so aber blieben sie, nur Odysseus ist ihnen entgangen.
Es wird übrigens noch ein Anhang hiezu überliefert. Odysseus, sagt man, war so listenreich, war ein solcher Fuchs, daß selbst die Schicksalsgöttin nicht in sein Innerstes dringen konnte, vielleicht hat er, obwohl das mit Menschenverstand nicht mehr zu begreifen ist, wirklich gemerkt, daß die Sirenen schwiegen und hat ihnen und den Göttern den obigen Scheinvorgang nur gewissermaßen als Schild entgegengehalten.