sábado, 17 de novembro de 2007

Sem título

De que me vale, Cereja, o azul-cinzento que te cobre os olhos, se não vês?
Passo ao alcance de um trejeito e confundes-me com o resto do Mundo, Tanto dá...
E nem a súplica que te deixo alcança teu perdão; nem o sorriso que desenho atinge o teu reparo. Nem nada, nem ninguém me consentem ousar uma espera; um ténue enlevo que fosse.
Desde há dias que não te sonho, mesmo nas noites geladas em que me recolho cedo. Levanto-me a meio da aurora sem te lembrar, e fico triste.
Ainda há meses acordava contigo numa memória de pétalas e cheiros.
Sabes que o teu aroma tem o mesmo som do olhar que me escondes? Sabes a que cheiram os teus lábios, a que sabem os teus olhos, Cereja?
O azul, se é cinzento, sabe-me igual à cor da chuva, quando cai triste em folhas de Outubro. Se o Sol te rasga, Cereja, já os olhos me cheiram ao redondo dos malmequeres, num meio-dia de Maio.
O que me doi - mais de manhã, quando a falta de lembrança me não deixa esquecer-te - é não poder cantar-te o que o silêncio me revela, entoar-te um hino com a fé de um surdo, ser-te Mozart sem pintar uma nota.

2 comentários:

Anónimo disse...

gostámos bastante




As Enjeitadas.com

Anónimo disse...

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