terça-feira, 17 de março de 2009

Momentos II

«Em movimentos circulares, João mexia o seu copo de brandy, assente sobre a mesa do café, onde se encontrava, perdido numa saudade que o consumia há mais de três meses.
Desde aquele último fim-de-semana passado com Luísa, ainda Inverno, nunca mais tinha tido notícias dela. Era demasiado tempo.
E embora pudesse até pensar que, no final de contas, era como o ditado dizia, o certo é que, neste seu triste caso, a distância apenas lhe trazia um sabor agridoce, juntamente com as recordações dos intensos momentos que partilharam.
João tinha mais que razões para acreditar que ficaria prisioneiro de tais memórias para o resto da sua vida.
A paixão que sentia por Luísa assim o ditava. Sem apelo, nem agravo. Levando o copo de balão à boca, procurou naquele sabor doce e quente o toque desses lábios, agora distantes.»

Alexandre Villas-Diogo, "Momentos"

10 comentários:

Anónimo disse...

Só existe
uma maneira de combater
a Saudade...


com a Presença!

Anónimo disse...

Bem dito!

Anónimo disse...

Mas onde é que está a presença?

Anónimo disse...

Caro anónimo, será que a ausência não pode ser uma forma de presença, na medida em que se cultiva a memória?

Anónimo disse...

Que "sabor" tem a memória?

Porque, para mim, a ausência só tem uma forma...

... a do Nada!

Anónimo disse...

A memória tem o sabor do reencontro, penso eu de que...

Anónimo disse...

Para quando um outro Momento de Reencontro?

Anónimo disse...

Brevemente, assim se espera.

Anónimo disse...

Quem espera desespera...

Anónimo disse...

Mas também sempre alcança.