sábado, 6 de setembro de 2008

Séneca


Filósofo e escritor nascido em Córdova no início da Era, foi levado para Roma muito jovem e aí recebeu o ensinamento dos Estoícos, fonte da sua reflexão filosófica e da austeridade da sua vida. Foi advogado e político. Esteve oito anos deportado na Córsega, sob a acusação de ter mantido relações com uma irmã de Calígula e só a intervenção de Agripina, depois de casada com Cláudio, lhe permitiu o regresso a Roma e o vir a ser preceptor de Nero. Nos primeiros anos de governo deste imperador foi notória a benéfica influência de Séneca, mas esta foi-se progressivamente perdendo, ao mesmo tempo que cresciam as tontarias do governante. Abandonou então a vida política (depois da morte de Burrus, certamente assassinado) e dedicoui-se por inteiro à Filosofia.

A filosofia de Séneca tem sido objecto das mais variadas interpretações, mas é reconhecido como o autor de maior renome do Estoicismo. É tido como um escritor assistemático, às vezes contraditório, a variar entre o péssimismo e o optimismo, ainda que sempre se apresente ecléctico, a aceitar aquilo que de outras doutrinas lhe parece verdadeiro. Valoriza o aspecto prático nos seus pontos de vista, como era tradição dos cínicos e estóicos, agregando ao directo ensinamento de Posídio elementos da doutrina platónica e peripatética. É, entre os estóicos, quem dá mais atenção à ideia de Deus (enquanto princípio consciente da unidade do universo), tendendo a abandonar o panteísmo. Veio a morrer no ano de 65, suicidando-se por imposição imperial.

(a partir de J. M. da Cruz Pontes, Logos)

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