Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
Ricardo Reis
sexta-feira, 13 de junho de 2008
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3 comentários:
Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
A Autoria do poema anterior è de Ricardo Reis.
O seu a seu dono.
Presumo que anterior se refira à Ode e é - de facto e assinalado - de Ricardo Reis. Já os Passos da Cruz, julgo serem (directamente) de Pessoa.
Mas o que é interessante, e motiva esta "resposta" é a frase "o seu a seu dono". E digo sem qualquer ironia; de facto, numa personalidade múltipla cada uma das desdobragens merece em especial a atribuição. isso mesmo fazia Pessoa, como se vê no poema inédito hoje publicado no Jornal Público: começa com a expressão "Caeiro", que a inicial tradutora terá confundido. O público apresenta três versões, fruto da dificuldade da caligrafia. Muito interessante.
E sempre atenta, caríssima Passiflora. Obrigado pelos seus contributos.
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