terça-feira, 16 de novembro de 2010

Nam simul cum cathedra creavit Deus tabulam quamdam ad sribendum, que tantum grossa erat quantum posset homo ire in mille annis. Et erat tabula illa de perla albissima et extremitas eius undique de rubino el locus medius de smaragdo. Scriptum verum in ea existens totum erat purissime claritatis. Respiciebat namque Deus in tabulam illam centum vicibus die quolibet et quantiscumque repiciebat vicibus, construebat et destruebat, creabat et occidebat… Creavit namque Deus cum predicta tabula pennam quamdam claritatis ad scibendum, que habebat in se longitudinis quantum posset homo ire in VC annis et tantumdem ex latitudine quidem sua. Et ea creata, precebit sibi Deus ut scriberet. Penna vero dixit: “Quid scribam”? At ille respondens: “Tu scribes sapienciam meam et creaturas omnes meas a principio mundi usque ad finem” - Liber scale Machometi, cap. xx.

(tal como criou seu trono, Deus criou uma mesa para escrever tão vasta que um homem podia caminhar nela mil anos. A mesa era feita de pérolas branquíssimas, as suas extremidades de rubis eo centro de esmeralda. Tudo o que nela escrevia era da mais pura claridade. Deus olhava para a mesa centos de vezes por dia e, de cada vez que a olhava, construía e destruía, criava e matava… tal como criou a mesa, Deus criou uma pena de luz para escrever, tão larga e longa que um homem a poderia percorrer em largura ou comprimento quinhentos anos. E, esta criada, deus ordenou-lhe que escrevesse. Disse a pena: “Que escrevo?”. A ela respondeu: “Escreverás a minha sabedoria e todas as minhas criaturas, desde o princípio do mundo até ao seu fim.” – O Livro da Escada de Maomé, cap. xx).

(in Giorgio Agamben, Bartleby Escrita da Potência, Assírio & Alvim)