meu castigo é branquear os rios
de vermelho sangue turvos
de dar voz aos surdos
de dar ouvido aos mudos
escravo de impróprios desafios
sou de resto o que resta da perdição
do mundo, o nem presta é
a sobra de uma canção
por trautear. nem sei se sou
espelho da vista do rosto
luz fugidia, sol-posto
amarelo de criança em balão
cinzento d'esperança. tufão
que arrase o mundo velho
em noite de sol intenso. calor profundo.
não penso. não sou. não vou.
fico encostado ao infinito
e no silêncio do grito
não falo, não calo:
devolvo o último som do medo.
nem sei se parto. só
estou farto
que m' iluminem a revolta.
anda ainda alguém à solta?
(e.u.m.)
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5 comentários:
è apenas para vestir de palavras a foto de biaxo?
gosto imenso da foto; mesmo assim, nua.
Após análise, concluo que nem as pedras da calçada é capaz de fazer chorar! Que triste sina a sua!
Será que o seu cinzento de esperança anuncia piores dias!?
Noto uma certa censura, ou então, mais magnânime, talvez apenas uma cautela médica, o anúncio de uma necessidade de tratamento. Bem-haja.
De todo o modo, nenhuma poesia é espelho, é só mesmo, mormente no caso, um poema: bom ou mau por si mesmo e não pela mão - emprestada - que o escreve.
Todos estamos presos a alguma coisa. Talvez, não os loucos.
Gostei do poema.
Ao Mar Revolto recomendo a história do Bambi. Há lá uma fala da mãe para o coelhindo Tambor que lhe vem a calhar...
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