"A lareira crepitava, num ritmo lento e compassado, trazendo ao espaço um calor que apenas era comparável àquele que os olhos de Luísa deixavam transparecer. Entre os seus dedos esguios rolava agora um copo de balão, onde um preguiçoso brandy era servido a uns lábios que, nessa noite, apenas conheciam os beijos quentes de uma paixão que tinha encontrado o seu porto de abrigo.
João, não sem algum prazer, notou que mal falavam e que nem disso precisavam. O encontro deles, ali, naquela mesma sala de há uns meses atrás, já falava por si.
Mesmo assim, João arriscou: «Já viste bem o caminho que nos trouxe até aqui?».
Luísa sorriu e respondeu-lhe:«Não foi por culpa minha que ele foi tão longo». Ele sabia que não tinha resposta.
«E agora, Luísa, que se segue?», perguntou João, enquanto lhe afastava uma madeixa de cabelo da testa, beijando-a suavemente.
«O que nós quisermos...» - respondeu ela.
Para esta noite, era tudo o que ele precisava de ouvir. Estavam juntos e o momento, mais um, era de Felicidade."
Alexandre Villas-Diogo, "Momentos"
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