sábado, 19 de setembro de 2009

«Entre o Pinhão e a Régua»

Finjo tombar no sono
e arqueio sobre o cobre dos teus fios
as lágrimas encobertas
atrás das pétalas
dos meus olhos, a enxugar
sem reparar no rosto imóvel
do homem gordo que não repara
além do centeio
com que aplaca um flamengo pele-vermelha
e sonolenta a tarde, entre dentes. Se
for descoberto digo o rio a beber as vinhas
aceito a saudade translúcida. São
tão piegas os homens e
tu continuas a dormir
quando a Régua nos abraça as costas.
Antes disso,
evito que ganhe corpo de pensamento
um segredo que o coração bombeou na artéria
(te dissesse amor
enquanto sonhas
porque o sonho lacra os desejos)

1 comentário:

Passiflora Maré disse...

SUBINDO O DOURO

Provo nas uvas este pendor
do vinho
sobre a casa

A boca decepada

Pelo muito de água
cavam as mãos
a prumo, o trabalho
do sol

Só a terra resiste
ao culto

desta c/idade.

Vergílio Alberto Vieira
a idade do fogo
limiar