O poeta transforma indiferentemente a derrota em vitória, a vitória em derrota, imperador pré-natal apenas preocupado com a colheita do azul.
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O poeta deve manter o equilíbrio entre o mundo físico da vigília e o perigoso bem-estar do sono, uma vez que as linhas do conhecimento, nas quais ele inscreve o corpo subtil do poema, percorrem indistintamente a distância entre um e outro desses diferentes estados da vida.
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O poema está sempre casado com alguém.
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Em poesia, é apenas a partir da comunicação e da livre disposição da totalidade das coisas entre si através de nós que nos achamos comprometidos e definidos, ao ponto de obter a nossa forma original e as nossas propriedades probatórias.
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O poeta é o homem da estabilidade unilateral.
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O poema emerge de imposição subjectiva e de escolha objectiva.
O poema é uma assembleia em movimento de valores originais determinantes nas relações contemporâneas com alguém a quem essa circunstância dá a primazia.
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O poeta não se irrita com a hedionda extinção da morte, mas, confiando no seu toque particular, transforma todas as coisas em fios de lã que se prolongam.
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O poema é o amor realizado do desejo que permanece desejo.
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René Char, Partage Formel
Furor e Mistério, tradução Margarida Vale de Gato
1 comentário:
Adorei, adorei!!
Fiquei presa nas teias das palavrinhas. :-)
Bjos meus
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