Foi então que o juiz achou que devia voltar ao local, porque 2havia uns pormenores de que precisava de se inteirar, agora que ouvira as testemunhas".
Tudo continuaria daí a oito dias - "tanto tempo ainda a remoer os nervos!" queixou-se o senhor João, com medo do fim, mas com uma pontinha de fé ainda.
Na véspera do dia marcado para "voltarem ao rio", já ao fim da tarde, o Dr. Edmundo até estremeceu com o estardalhaço da porta a abrir num safanão.
Era o senhor João, radioso de alegreia, agitando vigorosamente um papel na mão - nem conseguia falar, todo um sorriso!
- Então? Que é isso de tão importante que o faz vir aqui, a esta hora e interromper-me dessa maneira? - disse o Dr. Edmundo, com ar sisudo, mas num tom de voz a deixar contagiar-se por tanta alegria.
Foi então que o senhor João lhe contou tusdo.
Havia uns tempos atrás, no dia da festa, foi lá à aldeia um padre pregador muito letrado "só falava latim, a gente não percebia nada do que ele pregava, mas a voz dele convencia!", afiançava o senhor João.
Almoçou lá em casa, e durante o almoço, posto ao corrente da aflição da família, considerou que "se a água era tão antiga, e o direito tinha sido dado pelo Rei, havia de haver algum documento que o dissesse".
Como não o tornou mais a ver, esquecera-se destas falas, até ao julgamento.
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Fernando Fernandes Freitas, Un ciclo da água, A Contos Com A Justiça
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