Partiu há escassos dias, em 3 deste mês outonal. Escritor, jornalista, homem de outros ofícios, amante do nome próprio e do pseudónimo (Dennis McShade) com que publicou sublimes romances policiais (Mão Direita do Diabo, 1967 e há meses reeditado; Requiem para D. Quixote, 1967 e Mulher e Arma com Guitarra Espanhola), tornou-se particularmente conhecido com O que diz Molero (1977), livro encantador e cheio de sensibilidade e do qual alguém disse “se isto não é literatura, só perde a literatura”. Escreveu também Reduto quase Final (1989), Discurso de Alfredo Marceneiro a Gabriel García Marques (1984) e Gráfico de vendas com Orquídea (1999), “outras formas de arrumação de conhecimentos”, vinte textos escritos entre 1977 e 1993. São deste último, num escrito de 23.05.1986, publicado n’O Jornal sob o título A administração do tempo, estes dizeres: E depois há os imprevisíveis sinais do tempo, os que, impiedosamente seleccionam: o desgosto, a falta, a doença, o desencontro, a dependência, o erro, a quebra da força ou da vontade, as sombras afastadas da alegria. E as mortes onde vamos ficando. E as vidas que as substituem, mas que não substituem as nossas perdas, tão magoadas e tão nossas.
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1 comentário:
Com um potencial literário tao grande, como solitário.
Morreu agarrado ao cigarro, antevejo outros agarrados à pena!
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