A morte de César, a 15 de Março de 44 a. C., deixara a sua obra inacabada e a vontade de muitos de regressar ao antigo sistema, que tinha o centro do poder no Senado. Cícero e os conjurados pensavam que era suficiente abater o “tirano” para que se regressasse à República. As forças de Roma, no entanto, eram múltiplas e de interesses divergentes, sendo forte o poder do exército, onde trinta e nove legiões tinham prestado juramento a César. Em termos legais, o poder pertencia aos cônsules, estando aí dois “cesaristas”, Dolabella e, em especial, António, que havia sido adjunto do ditador.
Sobrinho-neto por parte da mãe, Ácia (Átia), nascido em Roma a 23 de Setembro, dezoito anos antes, de nome de Gaius Octavius Thurinus, o futuro Augusto, neto de um banqueiro e filho de Caio Octávio, edil e pretor em Roma e, mais tarde, procônsul na Macedónia, tinha sido levado a Espanha pelo tio-avô e tinha recebido a melhor formação de retóricos e filósofos. No início de 44 a. C., o jovem Octávio foi enviado para Apolónia (ponto de partida da rota que conduzia aos Estreitos e, daí, à Ásia). Eis senão quando, depois dos idos de Março, aquando da tomada de conhecimento do testemanto de César por António, se soube que aquele, em acto póstumo, adoptara Octávio e lhe legara inúmeros bens.
Octávio foi aconselhado a aceitar apenas a herança material, permitindo o restabelecimento da República, mas veio a seguir caminho diferente. Começa então a sua busca do poder, decidido a vingar o pai adoptivo e a assegurar sua mais alta posição. Em Brundísio, a Décima Segunda Legião jura-lhe lealdade e, em discurso às tropas, Octávio declara-se filho adoptivo de Júlio César. Em Roma, António pede o controle das tropas de Octávio em troca de protecção e privilégios políticos, mas este recusa; pagou do próprio bolso os legados do testamento e presidiu aos jogos em memória de César; alia-se a Cícero, que o começa a elogiar no Senado, atacando o adversário directo.
Depois do triunvirato e de várias escaramuças a guerra do Áccio colocou frente a frente António e Octávio, quando as forças do primeiro eram, oficialmente, as da rainha Cleópatra, com quem se havia casado, depois de devolver a Roma a irmã de Octávio, Octávia. A guerra durou pouco, com a vitória clara de táctica marítima de Agripa, o comandante da frota de Octávio.
Apesar de assumir o poder, Octávio não aceitou a ditadura, temendo ser vítima da mesma sorte de César. Abdicou solenemente de todos os poderes extraordinários (excepto o consulado) e propôs um regime de compromisso, o principado, que centralizava o poder em torno de si, mas mantinha as formas tradicionais da República romana. Longe de destruir as antigas magistraturas, assumiu-as quase todas e fez-se reeleger cônsul, sem interrupção, até o ano 23 a. C. Na aparência, não passava de um magistrado como os demais, mas era (apenas) o primeiro, ou seja, Princeps. O Senado concedeu-lhe inúmeros títulos e poderes, como o de veto nas assembleias. Em 29 a. C. recebeu o título de Imperator (comandante-em-chefe das forças armadas) e no ano seguinte de Princeps Senatus. A partir de 27 a. C. passou a ser Augusto, que mais tarde se converteu em sinónimo de Imperador. O título passou desde então a identificar seu próprio nome e como Augusto tem sido reconhecido pela história.
Nem a política externa de Augusto, com sucessos vários, nem a reorganização administrativa foram o bastante para assegurar a glória do príncipe. O seu nome ficou ligado ao século em que viveu (ainda hoje se fala do “século de Augusto”) porque esse foi o tempo de Vergílio, de Horácio, de Tito Lívio e de outros e, por eles, considerado o tempo em que o espírito humano atingiu um dos seus pontos mais elevados.
Sobrinho-neto por parte da mãe, Ácia (Átia), nascido em Roma a 23 de Setembro, dezoito anos antes, de nome de Gaius Octavius Thurinus, o futuro Augusto, neto de um banqueiro e filho de Caio Octávio, edil e pretor em Roma e, mais tarde, procônsul na Macedónia, tinha sido levado a Espanha pelo tio-avô e tinha recebido a melhor formação de retóricos e filósofos. No início de 44 a. C., o jovem Octávio foi enviado para Apolónia (ponto de partida da rota que conduzia aos Estreitos e, daí, à Ásia). Eis senão quando, depois dos idos de Março, aquando da tomada de conhecimento do testemanto de César por António, se soube que aquele, em acto póstumo, adoptara Octávio e lhe legara inúmeros bens.
Octávio foi aconselhado a aceitar apenas a herança material, permitindo o restabelecimento da República, mas veio a seguir caminho diferente. Começa então a sua busca do poder, decidido a vingar o pai adoptivo e a assegurar sua mais alta posição. Em Brundísio, a Décima Segunda Legião jura-lhe lealdade e, em discurso às tropas, Octávio declara-se filho adoptivo de Júlio César. Em Roma, António pede o controle das tropas de Octávio em troca de protecção e privilégios políticos, mas este recusa; pagou do próprio bolso os legados do testamento e presidiu aos jogos em memória de César; alia-se a Cícero, que o começa a elogiar no Senado, atacando o adversário directo.
Depois do triunvirato e de várias escaramuças a guerra do Áccio colocou frente a frente António e Octávio, quando as forças do primeiro eram, oficialmente, as da rainha Cleópatra, com quem se havia casado, depois de devolver a Roma a irmã de Octávio, Octávia. A guerra durou pouco, com a vitória clara de táctica marítima de Agripa, o comandante da frota de Octávio.
Apesar de assumir o poder, Octávio não aceitou a ditadura, temendo ser vítima da mesma sorte de César. Abdicou solenemente de todos os poderes extraordinários (excepto o consulado) e propôs um regime de compromisso, o principado, que centralizava o poder em torno de si, mas mantinha as formas tradicionais da República romana. Longe de destruir as antigas magistraturas, assumiu-as quase todas e fez-se reeleger cônsul, sem interrupção, até o ano 23 a. C. Na aparência, não passava de um magistrado como os demais, mas era (apenas) o primeiro, ou seja, Princeps. O Senado concedeu-lhe inúmeros títulos e poderes, como o de veto nas assembleias. Em 29 a. C. recebeu o título de Imperator (comandante-em-chefe das forças armadas) e no ano seguinte de Princeps Senatus. A partir de 27 a. C. passou a ser Augusto, que mais tarde se converteu em sinónimo de Imperador. O título passou desde então a identificar seu próprio nome e como Augusto tem sido reconhecido pela história.
Nem a política externa de Augusto, com sucessos vários, nem a reorganização administrativa foram o bastante para assegurar a glória do príncipe. O seu nome ficou ligado ao século em que viveu (ainda hoje se fala do “século de Augusto”) porque esse foi o tempo de Vergílio, de Horácio, de Tito Lívio e de outros e, por eles, considerado o tempo em que o espírito humano atingiu um dos seus pontos mais elevados.
(a partir de Pierre Grimal, O Império Romano)
2 comentários:
E o último?
Queria dizer... e o actual?
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