Se o conselho for útil, sugiro intensamente a leitura de Doris Lessing num livro sobre gatinhos e gatos (gatos e mais gatos, creio eu). É uma vida de acompanhamento, dos vadios aos caseiros e é especialmente interessante a narração da maternidade e do instinto maternal das gatas que sozinhas cuidam de todo o trabalho de parto e deixam os filhos limpinhos, depois de os lamberem e cortarem o cordão. Muito informativo mas igualmente narrativo e acolhedor.
E falando na prémio Nobel, Doris Lessing (sendo este nome do segundo marido) saiu há pouco em português um novo livro, A Fenda, que é sobre uma sociedade onde reinavam as mulheres, ou melhor, uma sociedade antes da "invenção do homem"!
Antigamente, quero dizer, há uns anos atrás, não gostava de gatos. Bicho assanhado, fugidio, de tantas vidas, e por aí. Agora estou muito arrependido pelo tempo de admiração que então perdi. Lindos gatos...
Atirei o pau ao gato to to.. mas o gato to to não morreu reu reu.. dona Xica ca ca admirou se se do berro do berro que o gato deu.. MIAU MIAU MIAU........... Acabou a brincadeira!! Gatos gatos Deus me valha.. Aconselho ver o filme Gato Preto Gato Branco de Kusturica
"Em abril chegam os gatos: à frente o mais antigo, eu tinha dez anos ou nem isso, um pequeno tigre que nunca se habituou às areias do caixote, mas foi quem primeiro me tomou o coração de assalto. .............. "
"os animais foram imperfeitos compridos de rabo, tristes de cabeça. Pouco a pouco foram-se compondo fazendo-se paisagem, adquirindo pintas, graça, voo. O gato, só o gato aparecu completo e orgulhoso: nasceu completamente terminado, anda sozinho e sabe o que quer. O homem quer ser peixe e pássaro a serpente quisera ter aasas, o cachorro é um leão desorientado, o engenheiro quer ser poeta a mosca estuda para andorinha, o poeta trata de imitar a mosca, mas o gato quer ser só gato e todo gato é gato do bigode ao rabo, do pressentimento à ratazana viva, da noite até os seu olhos de ouro. ............."
"paro um pouco a enrolar o meu cigarro (chove) e vejo um gato branco à janela de um prédio bastante alto penso que a questão é esta: a gente - certa gente - sai para a rua cansa-se, morre todas as manhãs sem proveito nem glória e há gatos brancoa à janela de prédios bastante altos! contudo e já agora penso que os gatos são os únicos burgueses com quem ainda é possível pactuar - vêem com tal desprezo esta sociedade capitalista! servem-se dela mas do alto, desdenhando-a... ............
"Quem há-de abrir a porta ao gato quando eu morrer?
Sempre que pode foge pr'a rua cheira o passeio e volta pr'a trás, mas ao defrontar-se com a porta fechada (pobre do gato!) mia com raiva desesperada. Deixa-o sofrer que o sofrimento tem sua paga e ele bem sabe. Quando abro a porta corre para mim como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o num gesto lento, vagarosamente, do alto da cabeça até ao fim da cauda. Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados, em êxtase romronando.
Repito a festa, vagarosamente, do alto da cabeça até ao fim da cauda. ele aperta as maxilas, cerra os olhos, abre as narinas e rosna. Rosna, deliquescente, abraça-me e adormece.
Eu não tenho gato, mas se o tivesse quem lhe abriria a porta quando eu morresse?"
21 comentários:
Gato preto, gato branco;
Pouco importa a tua raça;
Na elegância do gesto;
É que mora a tua graça!
Andam gatos a brincar;
Saltitando em meu redor;
São a sombra dos meus passos;
Vá eu para onde for!
São os gatos meus amigos; Misteriosos, soberanos;
Que tendo-me como dona;
São afinal os meus amos!
José Jorge Letria
Que gatinhos tão giros de lindos...
Um dois, três quatro
um a um, cada gatinho
salta para o sapato.
LINDÍSSIMOS
cada qual ao seu estilo, profundo e felino; não dá para escolher entre belo e belo!
Se o conselho for útil, sugiro intensamente a leitura de Doris Lessing num livro sobre gatinhos e gatos (gatos e mais gatos, creio eu). É uma vida de acompanhamento, dos vadios aos caseiros e é especialmente interessante a narração da maternidade e do instinto maternal das gatas que sozinhas cuidam de todo o trabalho de parto e deixam os filhos limpinhos, depois de os lamberem e cortarem o cordão. Muito informativo mas igualmente narrativo e acolhedor.
E falando na prémio Nobel, Doris Lessing (sendo este nome do segundo marido) saiu há pouco em português um novo livro, A Fenda, que é sobre uma sociedade onde reinavam as mulheres, ou melhor, uma sociedade antes da "invenção do homem"!
Antigamente, quero dizer, há uns anos atrás, não gostava de gatos. Bicho assanhado, fugidio, de tantas vidas, e por aí. Agora estou muito arrependido pelo tempo de admiração que então perdi. Lindos gatos...
Quem me dera ser gato
(bem, gato sapato)
saltas as janelas altas e compridas
riscar as pernas das raparigas
E ter sete vidas para viver
e, assim, pouco a pouco ir tentanto
porque viver vai muito do aprender
e só se aprende mesmo de vez em quando
bem mais meigos que o fotografo...gosto mais de caes
Linditos.. ou tas?
Bem, queria era saber quais são as gatas!
Ah!, eu é mais bolos.
lindos! Bom efeito terapêutico para pessoas em stress..
Gosto mais do meu cão.. e além de tudo é mouco!! E ainda dorme comigo..
Atirei o pau ao gato to to.. mas o gato to to não morreu reu reu.. dona Xica ca ca admirou se se do berro do berro que o gato deu.. MIAU MIAU MIAU........... Acabou a brincadeira!! Gatos gatos Deus me valha.. Aconselho ver o filme Gato Preto Gato Branco de Kusturica
Dera dera ser cão. já nem comia bolos!!
"gato que brincas na rua
como se fosse na cama
invejo a sorte que é tua
porque nem sorte se chama
bom servo das leis fatais
que regem pedras e gentes
que tens instintos gerais
e sentes só o que sentes
és feliz porque és assim
todo o nada que és é teu
eu vejo-me e estou sem mim
conheço-me e não sou eu"
Fernando Pessoa
"Em abril chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
um pequeno tigre que nunca se habituou
às areias do caixote, mas foi quem
primeiro me tomou o coração de assalto.
.............. "
Eugénio de Andrade.
Então os gatos vieram comer as flores?!
"os animais foram
imperfeitos
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco foram-se
compondo
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça, voo.
O gato, só o gato
aparecu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.
O homem quer ser peixe e pássaro
a serpente quisera ter aasas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo, do pressentimento à ratazana viva, da noite até os seu olhos de ouro.
............."
Pablo Neruda, Ode ao gato
"paro um pouco a enrolar o meu cigarro (chove)
e vejo um gato branco à janela de um prédio bastante alto
penso que a questão é esta: a gente - certa gente - sai para a rua
cansa-se, morre todas as manhãs sem proveito nem glória
e há gatos brancoa à janela de prédios bastante altos!
contudo e já agora penso
que os gatos são os únicos burgueses
com quem ainda é possível pactuar - vêem com tal desprezo esta sociedade capitalista!
servem-se dela mas do alto, desdenhando-a...
............
Mário Cesariny, Nobilíssima Visão
"Quem há-de abrir a porta ao gato
quando eu morrer?
Sempre que pode
foge pr'a rua
cheira o passeio
e volta pr'a trás,
mas ao defrontar-se com a porta fechada
(pobre do gato!)
mia com raiva
desesperada.
Deixa-o sofrer
que o sofrimento tem sua paga
e ele bem sabe.
Quando abro a porta corre para mim
como acorre a mulher aos braços do amante.
Pego-lhe ao colo e acaricio-o
num gesto lento,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
Ele olha-me e sorri, com os bigodes eróticos,
olhos semi-cerrados, em êxtase
romronando.
Repito a festa,
vagarosamente,
do alto da cabeça até ao fim da cauda.
ele aperta as maxilas,
cerra os olhos,
abre as narinas
e rosna.
Rosna, deliquescente,
abraça-me
e adormece.
Eu não tenho gato, mas se o tivesse
quem lhe abriria a porta quando eu morresse?"
António Gedeão
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