Uma figura de mulher encaminha-se para a floresta.
Vai devagar. Desce a longa avenida de ventos que,
rudemente, lhe estilhaçam os ouvidos.
Quis adivinhar o seu rosto. Descrever as cores
do vestido que lhe estreita o corpo, o movimento
dos braços para a frente, o ruído dos passos lentos
sobre as amarelecidas folhas. Mas ele é, cada vez mais,
um ponto que se afasta. Uma vontade perdida
para o dobrar das árvores à sua passagem.
Quando a mulher entrar na floresta
tudo se suspenderá. A solidão da paisagem
será a minha solidão.
Os meus olhos serão os olhos da paisagem.
LUÍS QUINTAIS
Postal Ilustrado, A Imprecisa Melancolia
terça-feira, 6 de maio de 2008
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1 comentário:
Florestas da vida:
Quando a mulher foge, descobre sempre uma floresta e deixa a paisagem solitária. Ela e o observador, o perseguidor, o amante.
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