Não tomando o lugar alheio, venho deixar aqui a lembrança e a saudade de um livro lido há muitos anos. Em rigor são dois, mas, valendo por muitos, podiam ser um, apenas.
SENHOR DEUS, ESTA É A ANA vem a prosseguir com O LIVRO DE ANA. O primeiro é de 1974 e o segundo doze anos depois. Por hoje, fica aquele primeiro, apresentado na contracapa como “um livro diferente, único, brilhante, que pode ser lido pelas crianças de todas as idades, um livro destinado à criança que existe dentro de todos nós”.
“ A diferença entre uma pessoa e um anjo é simples. A maior parte do anjo está por dentro e a maior parte da pessoa está por fora. Estas palavras são da Ana, uma miúda de seis anos a quem por vezes também chamam de Ratinha, Cara Feia ou Jóia. Aos cinco anos, Ana compreendia perfeitamente a razão de existir, o significado do amor e era amiga pessoal e ajudante do Senhor Deus. Aos seis anos, dominava a teologia, a matemática, a filosofia, era poeta e jardineira. Alguém que lhe fizesse alguma pergunta, teria sempre resposta – a seu tempo, claro. Por vezes podia demorar semanas ou meses; mas, normalmente a resposta surgia na ponta da língua: directa, simples e mesmo a propósito. Não chegou a fazer oito anos (…)
Ser abraçada pela minha Mãe era o mesmo que cair nos braços de um gorila. Tinha uns braços que mais pareciam pernas e uma estrutura anatómica tão esquisita que ainda hoje me faz confusão: um coração de noventa quilos num corpo de oitenta. Mas era uma verdadeira senhora e esteja onde estiver agora, de certeza que continua a sê-lo. Passados alguns minutos de ahs! e ohs!, as coisas começara a organizar-se. A minha mãe levantou-se e ordenou-me – despe essa roupa molhada à miúda (…)
Na opinião da Ana o céu não era uma questão de lugar mas sim uma questão de perfeição dos sentidos. A linguagem tinha uma enorme dificuldade em descrever ou explicar o conceito de céu, mas como a linguagem dependia dos sentidos, então a compreensão do céu também dependia deles (…)
Ana vivia todos os momentos da sua vida, aceitava a vida na sua totalidade e, aceitando a vida, aceitava a morte. A morte era um frequente tema de conversa com a Ana – nunca de forma mórbida, nem ansiosa, mas simplesmente encarada como uma coisa que mais tarde ou mais cedo viria a acontecer e de que mais valia ter já um conhecimento anterior antes dela sobrevir, do que esperar até ao momento de ela chegar e então entrar em pânico. Para a Ana a morte era uma porta aberta às nossas possibilidades.”
FYNN, Senhor Deus, Esta é a Ana (Mister God, This is Ana), Editorial Presença, 1988.
SENHOR DEUS, ESTA É A ANA vem a prosseguir com O LIVRO DE ANA. O primeiro é de 1974 e o segundo doze anos depois. Por hoje, fica aquele primeiro, apresentado na contracapa como “um livro diferente, único, brilhante, que pode ser lido pelas crianças de todas as idades, um livro destinado à criança que existe dentro de todos nós”.
“ A diferença entre uma pessoa e um anjo é simples. A maior parte do anjo está por dentro e a maior parte da pessoa está por fora. Estas palavras são da Ana, uma miúda de seis anos a quem por vezes também chamam de Ratinha, Cara Feia ou Jóia. Aos cinco anos, Ana compreendia perfeitamente a razão de existir, o significado do amor e era amiga pessoal e ajudante do Senhor Deus. Aos seis anos, dominava a teologia, a matemática, a filosofia, era poeta e jardineira. Alguém que lhe fizesse alguma pergunta, teria sempre resposta – a seu tempo, claro. Por vezes podia demorar semanas ou meses; mas, normalmente a resposta surgia na ponta da língua: directa, simples e mesmo a propósito. Não chegou a fazer oito anos (…)
Ser abraçada pela minha Mãe era o mesmo que cair nos braços de um gorila. Tinha uns braços que mais pareciam pernas e uma estrutura anatómica tão esquisita que ainda hoje me faz confusão: um coração de noventa quilos num corpo de oitenta. Mas era uma verdadeira senhora e esteja onde estiver agora, de certeza que continua a sê-lo. Passados alguns minutos de ahs! e ohs!, as coisas começara a organizar-se. A minha mãe levantou-se e ordenou-me – despe essa roupa molhada à miúda (…)
Na opinião da Ana o céu não era uma questão de lugar mas sim uma questão de perfeição dos sentidos. A linguagem tinha uma enorme dificuldade em descrever ou explicar o conceito de céu, mas como a linguagem dependia dos sentidos, então a compreensão do céu também dependia deles (…)
Ana vivia todos os momentos da sua vida, aceitava a vida na sua totalidade e, aceitando a vida, aceitava a morte. A morte era um frequente tema de conversa com a Ana – nunca de forma mórbida, nem ansiosa, mas simplesmente encarada como uma coisa que mais tarde ou mais cedo viria a acontecer e de que mais valia ter já um conhecimento anterior antes dela sobrevir, do que esperar até ao momento de ela chegar e então entrar em pânico. Para a Ana a morte era uma porta aberta às nossas possibilidades.”
FYNN, Senhor Deus, Esta é a Ana (Mister God, This is Ana), Editorial Presença, 1988.
2 comentários:
ABSOLUTAMENTE RENDIDA!!!!
..."Depois, à noite, pões-te a olhar para as estrelas. A minha é pequenina demais para se ver daqui. Mas, é melhor assim, para ti, a minha estrela vai ser uma qualquer. Assim, gostarás de olhar para as estrelas todas..."
Antoine de Saint-Exupery
O Principezinho
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