É assim porque, como bem sabemos, os poetas não escrevem sobre aquilo de que detêm o conhecimento, mas sobre aquilo de que não possuem a última palavra; não o fazem porque não sabem mais, mas porque querem a todo o custo saber com mais precisão. É este conhecimento imperfeito, é este sentimento de profunda estranheza que os leva a pegar no cinzel, na pena ou na lira. (A cólera, o luto, a exaltação, o dinheiro, etc. são completamente secundários.) De outro modo não haveria poemas, romances, peças de teatro, etc., mas tão-só comunicados. – Patrick Suskind, Sobre o amor e a morte.
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13 comentários:
Não haveria, não houvera, nem hão.
Hão,
Hão.
Ou, então, não.
miau?
Gato não é gramática, é ortografia.
E biscoitos.
E bolas de jornal.
E peixe cozido.
E ronronar.
E adormecer ao sol.
Claras alusões a Fialho de Almeida?
"Por que palavra começar, por que desordem?...
Nunca sei o que me trazem as palavras, elas gostam tanto de me surpreender..."
in Memória Doutro Rio
Eugénio de Andrade
Não, são ilusões ao Fialho Gouveia
Com tanto gato, pensei.
Comunico apenas, à falta de outro saber, que é sobre o amor este comunicado.
Mesmo que mais não diga
O que existe são coisas,
não palavras. Por isso
te ouvirei sem cansaço recitar em búlgaro
como olharei montanhas durante horas
ou nuvens.
Sinais valem palavras,
palavras valem coisas,
coisas não valem nada.
Entender é um rapto,
é o mesmo que desentender
.....
Adélia Prado
Eu fiz um livro, mas oh meu Deus,
não perdi a poesia.
Hoje depois da festa,
quando me levantei para fazer café
uma densa neblina acinzentava os pastos
as casas, as pessoas com embrulho de pão.
O fio indesmanchável da vida tecia seu curso.
persistindo a necessidade dos relógios,
dos descongestionantes nasais.
.....
Adélia Prado
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