(La nuit a été chaud. La noche estaba ayer al arder. It was a hot night, of dreams.
Era una notte completa dei sogni. Così bella)
Naquele dia, quando o dia abriu as persianas da aurora, trazia um inesperado riso de criança e salpicava as janelas de Abril com a luz em pingos. Predilecta cuidou-se ainda a sonhar, quando o espelho lhe devolveu um olhar diferente. Não se quis querer, mas aceitou de dádiva, e penteou os cabelos negros, a única coisa que parecia manter a cor.
Desceu a Rua do Salitre a cumprimentar os restos da revista e foi-se embrenhando na algazarra. Junto ao Carmo, já as pessoas faziam de pássaro nos varões das árvores. Acha, mais de trinta anos depois, que foi aquele olhar rabino do camuflado o que lhe traduziu o sonho. Trocou com ele um olhar igual.
Quando viu o engenheiro Calisto nos fundos da outra rua, o pedaço dele que da multidão sobrava, Rosarinha tinha já trocado o receio pela alegria. O senhor Calisto enviou-lhe um beijo que, saltitando as cabeças da multidão, se lhe pegou na réstia alva que os negros cortinados de cabelo abriam.
Também o engenheiro se tinha compreendido.
Há dias, a sua filha Vitória conheceu o rapaz do engenheiro.
25 comentários:
Poema vai até ao corredor...até já!
Qualquer coisa por aqui se passa....Será que a LIBERDADE não passou por aqui???
Catita não era nome que soasse a LIBERDAAAAADE!Calisto,desculpem-me os Calistos,tem qualquer coisa de mofo!Rosarinho,qualquer coisa de sonsa,sempre com as suas tisanas e os seus "choros"(confesso que só depois de muito pensar percebi de que choro se tratava...lá está,a cada alma a sua palma, e a cada caneta, a sua letra!
Adio,adieu...Auf Widersehen!!!!
Só naõ digo adeus à LIBERDADE!
Olha,LIBERDADE,qualquer coisa se passa!Dizem que não é possível apresentar a página!!!Mas que suspeito...lá isso suspeito.
Deixa espreitar quem espreita o teu corredor,aqui vai o meu grito, a minha revolta!
Pelo sim,pelo não,desta vez fiz coppy...O lápis que é esperto e técnico a espreitar pelo buraco da fechadura da porta do teu corredor,Liberdade,não percebe que não há lápis que corte a raiz ao pensamento???
Dantes eram os poemas....os impublicáveis,da autoria do e.u.m.,agora o que se preparam para te roubar,liberdade?A LIBERDADE?
Oh lápis!Afia o bico!!!
E a ti Vitória,dou-te os parabéns,mas não pelo rapaz do engenheiro...é capaz de sair ao pai!
Dou-te os parabéns porque és VITÓRIA e...LIBERDADE!
Ao ilustre e.u.m. e seu distinto lápis-oxalá que não tenha o azul do mar que é lindo demais para ter o azul do lápis-muito obrigada,por não me riscar.Nem sabem do que a LIBERDADE é capaz!
Surrealismo em estado pós-puro? Sonho colectivo depois de uma noite quente?
Catita,Calisto,Rosarinho,engenheiro,Lápis,ilustre e.u.m.,se tendes qualquer coisa a dizer,é já,sob pena de ficarem calados para sempre!
A LIBERDADE veio para ficar,daqui não sai,daqui ninguém a tira!!!Ainda que impublicável...
Olha Liberdade,e.u.m mai-lo seu lápis azul estão a preparar qualquer bernarda.Descansa, não deixarei que nunca mais te roubem NADA!Não sejas acanhada,dá voz à tua voz,mas não exageres,não te faças completamente surda,MUDA é que nunca!!!
Do e.u.m. não posso falar.
No mais, terá a LIBERDADE deixado confundido a árvore com a floresta?
Ou será que quem bebe tísanas e é amorfo não tem direito a ela?
Não se pode mudar o olhar do mundo, mesmo quando se é Calisto ou Rosarinha?
Penso que sim. É por isso que há LIBERDAAAAAADE!
Claro que sim!
Era esse o sentido, pelo menos.
(lamento se não soube escrever)
Vou pensar melhor...ali,no corredor da liberdade!
OK
Nada que não se resolva com uns trocadilhos!
Fogo. Parece que a pastelaria catita queria acabar com a revolução a ver pelos comentários. Já nem se pode escrever o que se entende?
Já agora, como cada um pensa por sua cabeça, posso deixar a pergunta: o final da catita é contra ou a favor da liberdade?
É (vou pensar)
Então aquela encolhida fugiu do homem dos calos só por causa do magala?
Está mal. Ou então, está bem. Sei lá
Quem põe certezas na vida
Facilmente se embaraça
Na vil comédia do amor;
Não vale a pena ter alma
Porque o melhor é andarmos
Mentindo seja a quem for
Gosto de saber que vives,
Mas não perdi a cabeça
Nem corro atrás do desejo;
Quem se agarra muito ao sonho
Vê o reverso da vida
Nos movimentos dum beijo.
Ando queimado por dentro
De sentir continuamente
Uma coisa que me rala;
Nem no meu olhar o digo
Que estes segredos da gente
Não devem nunca ter fala.
Talvez não saibas que o amor,
Apesar das suas leis,
Desnorteia os corações;
- Complicadíssima teia
Onde se perde o bom senso
E as mais sagradas razões.
G´adacamané
Isto parece a revolta dos pastéis de nata!
"Estou na cama de manhã e aproveito para apontar na Agenda o tempo que passa. Tinha ficado na véspera em casa a rever provas. O puto fora para p liceu. Resolvo ir à rua beber uma cervejola e continuar a revisão. (...)Mas o Chiado está cheio de gente, que quer assaltar a Pide. Já não sei se ouvi tiros. Vi ainda as (uma?) ambulâncias, depois quase à porta da Brasileira um rapaz ou homem com a mão cheia de sangue (seco?), que tinha agarrado num rapaz ou rapariga. Começam a chegar fuzileiros,`há mais correrias, a Maria João e o rapaz perderam-se de mim. Cheira-me que já chega. Agarro um taxi e arranco para casa da Ção. Pela Tv vi o resto Foi bonito e foi rápido. Já posso morrer mais descansadinho"
Luiz Pacheco, Diário remendado (1971 - 1975)
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