Invento uma insónia nova
para o corpo desabrigado.
Obrigo-me à prova
de alertar a cada trinta minutos.
Puxo o adereço que me aperta o pescoço
e, antes de sufocar, tresmalho
em relâmpagos de vida.
Na partida,
ergo-me e vagueio
quinze minutos
pelo corredor profundo,
antes de espetar a caneta no papel branco
e redigir mais um diálogo
de surdos.
Sei que elas não me compreendem.
Sonham, de quando em vez.
Se acordam,
cuidam-se prenhes de razão.
Ora, ora…
É tempo de esconder as persianas,
de encobrir as gelosias.
Tempo de inventar dúvidas.
Entre mim e eu, será um poema
a separação?
Ou um embuste?
A carga de uma perplexidade
ou um anjo de glória?
Haverá distâncias
na perplexidade que nos toca?
Ou só inventamos pertenças alheias?
O que somos:
Uma castidade de ânsias
ou uma devassidão de promessas pias?
Boa noite, cidade.
Entrego-me à cama sem
absoluta esperança de dormir como justo.
Reconforto-me na tentativa.
Amanhã, deu lo queira,
o sol recompensará os audazes.
Saborearemos um, sempre diferente,
brilho igual.
Boa noite, cidade.
e. u. m., Poemas Impublicáveis
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7 comentários:
“Os tolos lêem um livro, e não o entendem; os espíritos medíocres pensam entendê-lo perfeitamente; os grandes espíritos às vezes não o entendem de todo"
Sem querer melindrar:
Antes de espetar a caneta no papel branco,pense que nem todos tèm os mesmos dotes/capacidades.Sugiro,se tiver paciência, alguma tolerância e pedagogia para com os medíocres,os tolos...
É uma posível leitura.
É o risco da liberdade.
A ideia inicial era auto-punitiva.
Mas, reconheço, a ideia inicial não interessa; só as palvras valem.
Atento à leitura.
toda a leitura é poema, outro poema.
para o "bem" e/ou para o "mal", mas ainda bem.
Interessante. O poema e as suas leituras. O autor, o leitor, o escrever e o ler. A visão de todos, cada qual ao seu modo e os sentidos possíveis. A publicação é o acto de abrir o poema e ele transforma-se? Acho que sim.
"Isso"...já lá vai!!!
Temos pena!
Ambígua....
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