Se com flores se fizeram revoluções que linda revolução daria este canteiro!
Quando o clarim do sol toca a matinas ei-las que emergem do nocturno sono e as brandas, tenras hastes se perfilam. Estão fardadas de verde clorofila, botões vermelhos, faixas amarelas, penachos brancos que se balanceiam em mesuras que a aragem determina. É do regulamento ser viçoso quando a seiva crepita nas nervuras e frenética ascende aos altos vértices.
São flores e, como flores, abrem corolas na memória dos homens.
Recorda o homem que no berço adormecia, epiderme de flor num sorriso de flor, e que entre flores correu quando era infante, ébrio de cheiros, abrindo os olhos grandes como flores. Depois, a flor que ela prendeu entre os cabelos, rede de borboletas, armadilha de unguentos, o amor à flor dos lábios, o amor dos lábios desdobrado em flor, a flor na emboscada, comprometida e ingénua, colaborante e alheia, a flor no seu canteiro à espera que a exaltem, que em respeito a violem e em sagrado a venerem.
Flores estupefacientes, droga dos olhos, vício dos sentidos.
Ai flores, ai flores das verdes hastes! A César o que é de César. Às flores o que é das flores."
6 comentários:
LINDAS!!!
Sâo muito lindas, é verdade. Também há muitas nos Açores
São a beleza na perfeição.
As flores, a Natureza no-las deu!Nos Açores,no Continente,ou em qualquer sítio do mundo!Pena é que reparemos tão pouco nelas...
São flores, senhores, que morrem e entristecem como qualquer ser.
"Poema das Flores
Se com flores se fizeram revoluções
que linda revolução daria este canteiro!
Quando o clarim do sol toca a matinas
ei-las que emergem do nocturno sono
e as brandas, tenras hastes se perfilam.
Estão fardadas de verde clorofila,
botões vermelhos, faixas amarelas,
penachos brancos que se balanceiam
em mesuras que a aragem determina.
É do regulamento ser viçoso
quando a seiva crepita nas nervuras
e frenética ascende aos altos vértices.
São flores e, como flores, abrem corolas
na memória dos homens.
Recorda o homem que no berço adormecia,
epiderme de flor num sorriso de flor,
e que entre flores correu quando era infante,
ébrio de cheiros,
abrindo os olhos grandes como flores.
Depois, a flor que ela prendeu entre os cabelos,
rede de borboletas, armadilha de unguentos,
o amor à flor dos lábios,
o amor dos lábios desdobrado em flor,
a flor na emboscada, comprometida e ingénua,
colaborante e alheia,
a flor no seu canteiro à espera que a exaltem,
que em respeito a violem
e em sagrado a venerem.
Flores estupefacientes, droga dos olhos, vício dos sentidos.
Ai flores, ai flores das verdes hastes!
A César o que é de César. Às flores o que é das flores."
António Gedeão
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