sexta-feira, 15 de setembro de 2017

douro, faina de desejos

Em cada pouca terra uma terra infinita,
em cada desejo imenso, uma vontade

Tu, outra vez.

Entre os dedos, como areia cinzenta duma praia açoriana, os meses voaram, ao ritmo dos pensamentos perdidos. Uma mistura de apatias ou outros engodos sem préstimo. O tempo é um grande sacana, não dá tréguas ao sono da identidade. Volto com o mesmo barco que a margem esperou; as ondas são sempre um risco, mas um desafio.    

domingo, 5 de outubro de 2014

A. era passeado pelo seu cão

Todas as noites, fizesse frio, calor ou chuva, A. era passeado pelo seu cão. Com uma regularidade inesperada visitava todos os postes, árvores e canteiros das redondezas, conforme a vontade e as necessidades do canídeo, que domava a trela.
Assim como assim, sempre era melhor estar em casa a aturar a má disposição da mulher e as birras da filha, ao mesmo tempo que era capaz de transmitir, pensava ele, uma imagem respeitável de um membro de família cuidador.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Sei bem como é amar em segredo

Sei bem como é amar em segredo
Escrevendo letras ilegíveis
Nas paredes
Capturando o nome
Tornando real o amor

Sei bem como é amar em segredo
Carregando fardos de dor
Pelas ruas estreitas da cidade
Deixando marcas ilegíveis nas paredes
Esperando fim da crise que tarda em chegar

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Um dia, entre a chuva que disfarça um sol inquieto, e a luz sem barreiras, onde o frio se esconde das palavras indecorosas, ainda... regresso a casa.

sábado, 21 de dezembro de 2013

cada vez mais perto do passado

cada vez mais perto do passado
os arrogantes nobres
de ar envaidecido e ensimesmado
dão esmola aos eternos pobres

o Natal é sempre uma boa época para alguns...

domingo, 1 de dezembro de 2013

apenas as pedras e as arvores sabem amar

Se fossemos como as pedras
(que são) duras
resistentes à passagem do tempo
poderíamos amar-nos outra vez

apenas as pedras e as arvores sabem amar

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

algumas palavras não rimam

algumas palavras não rimam
por acaso…
porque para as pessoas que importam
o mundo é pequeno
e o tempo curto

ao contrário
do que alguns acreditam e propagam
a algumas palavras falta-lhes a métrica
a noção estética do acaso
porque mesmo à distância
e no silêncio
tenho saudades de ti
na minha vida

apesar de estar convencido
que jamais voltaremos a falar

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

codex seraphinianus




in the late 70s italian architect, illustrator and industrial designer luigi serafini made a book, an encyclopedia of unknown, parallel world. it’s about 360-380 pages. it is written in an unknown language, using an unknown alphabet. it took him 30 month to complete that masterpiece that many might call “the strangest book on earth”. codex seraphinianus is divided to 11 chapters and two parts - first one is about nature and the second one is about people.


http://the-dimka.livejournal.com/6645.html

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Lembrei-me de ti

Lembrei-me de ti
depois da combustão
- desse enorme incendio que nos afogou em suor.
Alguns dirão que é por seres
pouco mais que cinzas…

Lembrei-me de ti,
porque jamais te esqueço;
sou constantemente invadido pela textura da tua pele,
pelo sabor da tua ausência.
Alguns dirão que é por seres
pouco mais que cinzas…

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Foram queimadas as rosas

Foram queimadas as rosas
Aquelas que guardavas
na eterna caixa
procurando manter a memória
que já ninguém quer

O teu nome ainda causa um enorme desconforto

domingo, 12 de maio de 2013