sábado, 30 de abril de 2011
sexta-feira, 29 de abril de 2011
árvores na memória
O mundo é essa árvore...
chorão, criptoméria, bétula
onde os traços que riscam o céu
são abraços e renúncias.
nós e novelos. compara-os
aos teus cabelos
onde esta tímida mão
desenhou caracóis e os desfez
(à vez à vez).
Que há além dum gesto,
se a própria sílaba é movimento?
Resta-me o que já tinha,
o teu olhar (d'alento) recordado
e a ânsia do possível
se não há mais.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
serena mente
No vazio dos dias
esgotava o cansaço das corridas
bebia o mar em golfadas de espuma
esquecia o café na mesa de espera
sonhava com o sol em cócegas
e no silêncio com que esperava as horas
deixava de ter lembrança
(28072010)
infâncias
quando agora despertas
para uma fantasia de búzios
podendo trazer de regresso
o sorriso de abafar um berlinde...
o silêncio das casas brinca
aos traços de sol, devolvendo
as tardes aos muros da infância
subidos de bibe manchado
e calções rotos até ao mercúrio dos joelhos
sexta-feira, 15 de abril de 2011
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Chegas, agora, com todas as fibras
e olhas os meus olhos como
se fosse possível serem ainda os antigos;
fazes gestos que desaprendi,
e tudo me parece sonâmbulo,
histórias a inventar
- entre sombras e sonhos -
sem que possa galvanizar
as mãos de rugas, e o teu colo
sobre a memória já selada ao desejo
com chaves de fuga e adeus.
Podíamos caminhar num rasto novo
mas os pés ferem as pedras
que uma revolta esquecida
espalhou nos trajectos.
Resta o que sempre resta,
nada sendo; e do vazio
ainda haveremos de retirar
pedaços que a combustão não terminou;
uma imagem amolgada
ficará como o quê
dum tempo sem préstimos.
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