segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Paisagem

Passavam pelo ar aves repentinas,
O cheiro da terra era fundo e amrgo,
E ao longe as cavalgadas do mar largo
sacudiam na areia as suas crinas.

Era o céu azul, o campo verde, a terra escura,
Era a carne das árvores elástica e dura
Eram as gotas de sangue da resina
E as folhas em que a luz se descombina.

Eram os caminhos num ir lento,
Eram as mãos profundas do vento,
Era o livre e luminoso chamamento
Da asa dos espaços fugitiva.

Eram os pinheirais onde o céu poisa,
Era o peso e era a cor de cada coisa,
A sua quietude, secretamente viva,
E a sua exaltação afirmativa.

Era a verdade e a força do mar largo,
Cuja voz, quando se quebra, sob,
Era o regresso sem fim e a claridade
Das praias onde a direito o vento corre.

SOPHIA

2 comentários:

AugustoMaio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Grande, grande Sophia.