dos rios que passam cumprindo
o seu destino de passar,
dá à nossa vida o teu braço verde
para o tempo das viagens que acabam
e dos caminhos que começam cada dia
dá o dom da doçura à nossa vida,
o conhecimento e o gosto das lágrimas
que melhor acolham a primavera
e o que a precede,
Deus como a aurora em cada idade,
Deus do louvor antigo e novo,
do que continua e se perde e se cumpre,
na alegria da água,
das planícies brancas do silêncio e da coragem,
Deus que invocamos nesta festa de irmãos hoje
e que estás em tudo
como a primavera está no nosso inverno
e tu em Jesus Cristo e no Espírito que renova tudo
José Augusto Mourão, DIA DE ANOS
O Nome e a Forma, Pedra Angular, 2009
1 comentário:
Muito obrigada.OS meus parcos anos agradecem.
Vem-me à lembrança, no entanto, o calafrio inexplicável, pelo senso comum, do poema "Aniversário" de Álvaro de Campos, de revisitação sempre insistente e persistente; penso que pela beleza irredutível da melancolia, tão bem descrita pelo nosso rei D. Duarte.
Obrigada mais uma vez.
"O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas)
O que sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio..."
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