Um dos hábitos que me vem intrigando desde sempre nos filmes americanos é aquele de, numa conversa telefónica, um dos interlocutores desligar o telefone na cara do outro sem se despedir. É que nem um "adeus", um "até breve", ou um "até amanhã" sequer. Isto para já não falar das expressões de afecto mais íntimas que costumam ser empregues em certas situações - seja com o(a) namorado(a), seja com os pais ou com amigos. No mínimo, tal comportamento revela falta de educação.
No entanto, ao pensar nesta questão, no intuito de a trazer à conversa, resolvi fazer uma pesquisa pelo google subordinada à seguinte expressão - hanging up the phone without goodbye.
Dado o primeiro resultado que encontrei, noto com curiosidade que não sou o único que se interroga sobre tal "despautério". O debate,
aqui.
6 comentários:
Ainda se fosse à PT que diariamente telefona sem identificação e quer saber se temos ligação à Net, se estamos satisfeitos e mais não sei quantas!
A esses nem um "boa-noite"!
Eu confesso que tal atitude também me intriga.
Ultimamente tenho ouvido algo como "até..."
Não é um adeus, não tem o compromisso do "até amanhã",nem a intimidade dos tão repetitivos e banalizados "bjs"...
E não é falta de educação nem de demonstração de desinteresse. Muito bom.
"Até" parece-me uma desculpa quase subtil para não entrar em intimidades. Diz-se, mas não se chega a dizer. Como agora anda na moda, o país é o que é, o governo é o que é, as pessoas são o que são. Se calhar, o cumprimento agora é o que é. Modernidades. Até... digo, muito boa noite e, vá lá, fiquem mesmo bem.
Não costumo "entrar" em "fóruns" de blogs com comentadores, no entanto, tenho que concordar consigo, o "até" é, realmente(e não subtilmente) uma forma de não entrar em intimidades.
Concordo especialmente consigo quando diz que "as pessoas são o que são"... mas afianço-lhe que não é, de todo, uma questão de "modernidades"...
Modernidade, talvez. Ou não; mas não pode deixar de se concordar que tudo vem sendo o que é. E assim sendo, não é coisa nenhuma.
Lembra o relógio de Kant (contado em "Platão e um Ornitorringo"...):
"diz-se que os habitantes de Konigsberg acertavam os relógios consoante a posição de Kant no passeio diário até ao fim da rua e regresso pelo mesmo sítio. Menos conhecido é o facto do sacristão da Catedral também acertar as horas na torre da igreja observando quando Kant fazia o seu passeio diário e, por sua vez, Kant regular o seu passeio pelas horas da torre da igreja. tanto Kant como o sacristão pensam que estão a obter informação ao observarem o comportamento do outro. (...) cada um deles estava simplesmente a chegar a uma conclusão analítica, verdadeira por definição. A conclusão de Kant "eu dou o meu passeio às 15H30" reduz-se à afirmação analítica. A conclusão de Kant reduz-se à afirmação "eu dou o meu passeio quando dou o meu passeio" - porque Kant determinava as horas por um relógio calibrado pelo seu passeio. a conclusão do sacristão, "o meu relógio está certo" reduz-se a "o meu relógio marca o que o meu relógio marca"..."
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