Claro que posso emprestar, caro Viriato. Mas deve haver edição segunda e rápida, cuido. E ainda não olvidei os Filmes Tristes. Venha a oportunidade e vou "recolhê-lo ao mar".
Conforme se dá conta na revista Ípsilon da passada sexta-feira ( e permita-se este relato, antes que passe a oportunidade e o autor bem a merece) o verso que foi postado dá início aos poemas inéditos deste novo livro de HH. Mas o verso não é inédito, aparece pela primeira vez em 1962, ou melhor, só o é enquanto passa a constituir em si mesmo um poema autónomo. É, de facto, grandioso e sublime. O mesmo interessante artigo dá conta da influência de HH em outros autores (por exemplo, Hélia Correia que deixou de screver poesia porque entende que cegou completamente com o clarão de Herberto. Ela diz: a minha pergunta não é, como é possível escrever depois de Auschwitz,mas como é possível escrever depois de Herberto?. Parece, no entanto que o próprio, tendo gostado dos poemas desta autora e sabendo da sua renúncia lhe disse "você é doida")e tenta explicar o seu silêncio e o seu afastamento do mundo. Artigo muito interessante e que realça a inequívoca grandeza de HH.
Permito-me deixar um pedacinho tirado do Poema Contínuo:
"É preciso falar baixo no sítio da primavera, junto à terra nocturna. Junto à terra transfigurada. Tudo ouve as minhas palavras talvez irremediáveis. Infatigável perfume se acrescenta nos jacintos, fogo sem fim circunda suas raizes leves. É preciso não acordar do seu ofício a luz que inclina os meus espinhos frios, a lua que inclina meu sangue ligado e o sangue da terra nocturna..."
4 comentários:
Parece que o livro esgotou, segundo os dados da Revista Ler, do grande Francisco José Viegas.
Claro que posso emprestar, caro Viriato. Mas deve haver edição segunda e rápida, cuido. E ainda não olvidei os Filmes Tristes. Venha a oportunidade e vou "recolhê-lo ao mar".
Conforme se dá conta na revista Ípsilon da passada sexta-feira ( e permita-se este relato, antes que passe a oportunidade e o autor bem a merece) o verso que foi postado dá início aos poemas inéditos deste novo livro de HH. Mas o verso não é inédito, aparece pela primeira vez em 1962, ou melhor, só o é enquanto passa a constituir em si mesmo um poema autónomo. É, de facto, grandioso e sublime.
O mesmo interessante artigo dá conta da influência de HH em outros autores (por exemplo, Hélia Correia que deixou de screver poesia porque entende que cegou completamente com o clarão de Herberto. Ela diz: a minha pergunta não é, como é possível escrever depois de Auschwitz,mas como é possível escrever depois de Herberto?. Parece, no entanto que o próprio, tendo gostado dos poemas desta autora e sabendo da sua renúncia lhe disse "você é doida")e tenta explicar o seu silêncio e o seu afastamento do mundo. Artigo muito interessante e que realça a inequívoca grandeza de HH.
Permito-me deixar um pedacinho tirado do Poema Contínuo:
"É preciso falar baixo no sítio da primavera, junto
à terra nocturna. Junto à terra transfigurada.
Tudo ouve as minhas palavras talvez irremediáveis.
Infatigável perfume se acrescenta nos jacintos, fogo
sem fim circunda suas raizes leves.
É preciso não acordar do seu ofício a luz que inclina
os meus espinhos frios,
a lua que inclina meu sangue ligado e o sangue
da terra nocturna..."
É realmente pena que o livro já esteja esgotado.
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