Quando não te posso contemplar Contemplo os teus pés. Teus pés de osso arqueado, Teus pequenos pés duros, Eu sei que te sustentam E que teu doce peso Sobre eles se ergue. Tua cintura e teus seios, A duplicada purpura Dos teus mamilos, A caixa dos teus olhos Que há pouco levantaram vôo, A larga boca de fruta, Tua rubra cabeleira, Pequena torre minha. Mas se amo os teus pés É só porque andaram Sobre a terra e sobre O vento e sobre a água, Até me encontrarem.
A revelação de um pé, ainda que não por inteiro, já é um gesto nobre. É verdade que se faz acompanhar de um chinelo (marca?...) mas o reconhecimento do facto impede qualquer crítica, antes impõe a admiração pela humildade do gesto!!
6 comentários:
Os Teus Pés (Pablo Neruda)
Quando não te posso contemplar
Contemplo os teus pés.
Teus pés de osso arqueado,
Teus pequenos pés duros,
Eu sei que te sustentam
E que teu doce peso
Sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios,
A duplicada purpura
Dos teus mamilos,
A caixa dos teus olhos
Que há pouco levantaram vôo,
A larga boca de fruta,
Tua rubra cabeleira,
Pequena torre minha.
Mas se amo os teus pés
É só porque andaram
Sobre a terra e sobre
O vento e sobre a água,
Até me encontrarem.
No pé esquerdo...um chinelo,o pormenor que faz toda a diferença
O pé espreita!
Pé de chinelo, claro. Mas mal ficava a confissão.
A revelação de um pé, ainda que não por inteiro, já é um gesto nobre. É verdade que se faz acompanhar de um chinelo (marca?...) mas o reconhecimento do facto impede qualquer crítica, antes impõe a admiração pela humildade do gesto!!
Senhor, o pé foi só o mote para o correr da poesia. Mas as "Petúnias" são a alegria do post.
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