Quem não sonhou com impossíveis
Nem fez castelos grandiosos
Sobre areias movediças?
Doces imagens que nos olhos
Ficastes pálidas e frias!
Sois como pássaros cativos
E abris em frémitos inúteis
As finas asas coloridas
Peixes no aquário translúcido
Sonhais vogar dentro dum rio.
Crianças doentes, que no quarto
Fazeis projectos de futuro.
Surdas canções de condenados…
Breve paisagem de algum quadro
Presa debaixo da moldura.
Ó flutuantes sombras tímidas,
Que receais o mundo e os homens,
Ficai em nós, mudas e moles:
Recordações indefinidas
De tudo aquilo que não fomos.
CABRAL DO NASCIMENTO
Nostalgia, 33 Poesias (1941) e Cancioneiro (1963, 1976)
(e assim passou um mês de poemas, dia a dia)
quinta-feira, 8 de maio de 2008
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1 comentário:
Crianças doentes, que no quaro fazeis projectos de futuro...
A todos os que projectam, a todos os da utopia, a todos os das quimeras que fazem um mundo andar, mesmo que ande devagarinho.
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