sábado, 3 de maio de 2008

POEMA do DIA

Paro em frente do mar
as ondas esperadas
vêm transfigurar
o corpo seu desterro

Fotografias cor de ferro
metamorfoses junto à casa
(na mesma areia) de madeira
ondas no corpo desterradas

Na pele as ondas matinais
projectam veias linhas curvas
no fundo corpo radiografam
outros verões à luz da luz

Ondas pequenas semelhantes
à crua infância agora iguais
ao mar lembrado revelai
em mim os dias de verão

GASTÃO CRUZ
Canção das Ondas, Crateras

2 comentários:

Anónimo disse...

"Todo o sangue e a
ferocidade são
demasiado fogo
para o corpo

São a vida sobre
a prosa e o abismo
demasiado amada
e ardida

São demasiado
fogo para vivos
fogo com a vida
aprendido

Com a vida
como se a morte viesse
e o fogo aprendido
se perdesse

São a dicção agreste
e a extrema como se
a vida se perdesse
e nada se dissesse

São o limite e a condição
a tempestade e a segurança
demasiado fogo e
demasiada confiança"

Gastão Cruz, A leitura, Os nomes

Anónimo disse...

" A solidão estava
aqui sobre esta praia
a solidão ainda
usa estar e nascer

na areia e na água
nestes dias de agosto
na rotina de outubro
de setembro no choro

que pode vir do sol
demasiado quente
de toda a alegria
que a luz tem neste tempo

A solidão ardia
nas páginas dos livros
e arde com um fogo
demasiado vivo

...............

O olhar o límpido cilindro
de fogo
que incinera tudo
e tudo calcina

demasiado ama
as folhas deste livro
a areia os homens as palavras
lidas

Demais tenta ele
extrair do corpo voz
com que dizer
o fogo todo

Demais ele traz
esta luz de agosto
para ajudar
ao fogo posto

Demais ele canta
demais ele vê as folhas
ao livro
sobe a luz do corpo

A ferocidade todo o sangue do corpo
usam na
leitura
demasiado fogo"

G. Cruz, A Leitura, Os Nomes