A Aurora? - Vem aí,
gritou-me a aurora.
Corri e, quando saio,
louco, porta fora...
vinha o azul do dia.
Um pássaro pia alegria.
E eu, ali naquele segundo
troquei o dormir p'lo mundo.
Ah! Todos os dia vem
como se fosse a mãe
do nosso encanto.
Durmo. Após novo olhar d'espanto.
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2 comentários:
Grande poema.
Grande aurora.
Antónia
Manhã vem chegando devagar, sonolenta; três quartos de hora de atraso, funcionária relapsa.
Demora-se entre as nuvens, preguiçosa, abre a custo os olhos sobre o campo, ai que vontade de dormir sem despertador, dormir até não ter mais sono!
Se lhe acontecer arranjar marido rico, a Manhã não mais acordará antes das onze e olhe lá.
Cortinas nas janelas para evitar a luz violenta, café servido na cama.
Sonhos de donzela casadoira, outra a realidade da vida, de uma funcionária subalterna, de rígidos horários.
Obrigada a acordar cedíssimo para apagar as estrela que a Noite acende com medo do escuro.
A Noite é uma apavorada, tem horror às trevas.
Com um beijo, a Manhã apaga cada estrela enquanto prossegue a caminhada em direcção ao horizonte.
Semi-adormecida, bocejando, acontece-lhe esquecer algumas sem apagar.
Ficam as pobres acesas na claridade, tentando inútilmente brilhar durante o dia, uma tristeza.
....
Jorge Amado
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