quarta-feira, 21 de maio de 2008

Confissão

E aqueles que, lendo o que fica exposto, me perguntarem: - "Mas por que não fez a sua confissão quando era tempo? Por que não demonstrou a sua inocência ao tribunal?" - a esses responderei: - A minha defesa era impossível. Ninguém me acreditaria. E fora inútil fazer-me passar por um embusteiro ou por um doido… Demais, devo confessar, após os acontecimentos em que me vira envolvido nessa época, ficara tão despedaçado que a prisão se me afigurava uma coisa sorridente. Era o esquecimento, a tranquilidade, o sono. Era um fim como qualquer outro - um termo para a minha vida devastada. Toda a minha ânsia foi pois de ver o processo terminado e começar cumprindo a minha sentença.
A CONFISSÃO DE LÚCIO
MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO

2 comentários:

sombra esculpida disse...

quisera ser bela adormecida
não pelo principe encantado
mas pelo SONO profundo.

Anónimo disse...

Nem Walt Disney diria melhor.