Primeiro as árvores cobri- ram-se de folhas depois
de pássaros e depois de homens.
JORGE SOUSA BRAGA Uma Fotografia do 25 de Abril, Porto de Abrigo
6 comentários:
Anónimo
disse...
"Compreensão da Árvore
A tua voz edifica-me sílaba a sílaba e é árvore desde as raízes aos ramos Cantas em mim a primavera breve tempo e depois os pássaros irão povoar de ti novas solidões E eu sentirei na fronte permanentemente o sudário levemente branco do teu grande silêncio ó canção ó país ó cidade sonhada dominicalmente aberta ao mar que por fim pousas na fímbria desta tua superfície."
Que voulez-vous la porte était gardée Que voulez-vous nous étions enfermés Que voulez-vous la rue était barée Que voulez-vous la ville était matée Que voulez-vous elle était affamée Que voulez-vous nous étions désarmés Que voulez-vous la nuit était tombée Que voulez-vous nous nous sommes aimés"
6 comentários:
"Compreensão da Árvore
A tua voz edifica-me sílaba a sílaba
e é árvore desde as raízes aos ramos
Cantas em mim a primavera breve tempo
e depois os pássaros irão
povoar de ti novas solidões
E eu sentirei na fronte permanentemente
o sudário levemente branco do teu grande silêncio
ó canção ó país ó cidade sonhada
dominicalmente aberta ao mar que por fim pousas
na fímbria desta tua superfície."
Ruy Belo
Belo poema o do comentário, também.
Belo o "Poema do Feriado"!
"Liberdade
Nos meus cadernos de escola
no banco dela e das árvores
e na areia e na neve
escrevo o teu nome
Em todas as folhas lidas
nas folhas todas em branco
pedra sangue papel cinza
escrevo o teu nome
Nas imagens todas de ouro
e nas armas dos guerreiros
nas coroas dos monarcas
escrevo o teu nome
Nas selvas e nos desertos
nos ninhos e nas giestas
no eco da minha infância
escrevo o teu nome
Nos meus farrapos de azul
no charco sol borolento
no lago da lua viva
escrevo o teu nome
Nos campos e no horizonte
nas asas dos passarinhos
e no moinho das sombras
escrevo o teu nome
No bafejar das auroras
no oceano doa navios
e na montanha demente
escrevo o teu nome
Na espuma fina das nuvens
no suor do temporal
na chuva espessa apagada
escrevo o teu nome
Nas formas mais cintilantes
nos sinos todos das cores
na verdade do que é físico
escrevo o teu nome
Nos caminhos despertados
nas estradas desdobradas
nas praças que se transbordam
escrevo o teu nome
No candeeiro que se acende
no candeeiro que se apaga
nas minhas casas bem juntas
escrevo o teu nome
No meu cão guloso e terno
nas suas orelhas tensas
na sua pata desastrada
escrevo o teu nome
No trampolim desta porta
nos objectos familiares
na onda do lume bento
escrevo o teu nome
Na carne toda rendida
na fronte dos meus amigos
em cada mão que se estende
escrevo o teu nome
Na vidraça das surpresas
nos lábios todos atentos
muito acima do silêncio
escrevo o teu nome
Nos refúgios destruídos
nos meus faróis arruinados
nas paredes do meu tédio
escrevo o teu nome
Na ausência sem desejos
na desnuda solidão
nos degraus mesmos da morte
escrevo o teu nome
Na saúde rediviva
aos riscos desapar'cidos
no esperar sem saudade
escrevo o teu nome
por poder de uma palavra
recomeço a minha vida
nasci para conhecer-te
nomear-te
Liberdade.
tradução de Jorge de Sena
"Couvre - feu
Que voulez-vous la porte était gardée
Que voulez-vous nous étions enfermés
Que voulez-vous la rue était barée
Que voulez-vous la ville était matée
Que voulez-vous elle était affamée
Que voulez-vous nous étions désarmés
Que voulez-vous la nuit était tombée
Que voulez-vous nous nous sommes aimés"
Paul Éluard
Très beau!!!
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