Da granada deflagrada no meio
de nós, do fosso aberto, da vala
intransponível, não nos cabe
a culpa, embora a tua mão,
armada pelo meu silêncio,
lhe tenha retirado a espoleta.
De um lado o teu dedo indicador,
de outro a minha assumida neutralidade.
Entre os dois, ocupando o espaço
que vai do teu dedo acusador
à minha mudez feita de medo e simpatia,
tudo quanto não quisemos, nem urdimos,
tudo quanto a medonha zombaria
de ódios estranhos escreve a sangue
e, irredutivelmente, nos separa e distancia.
Tudo quanto há-de gravar o meu nome
numa das balas da tua cartucheira.
Nessa bala hipotética, nessa bala possível
que se vier, quando vier (ela há-de vir)
melhor dirá o que aqui fica por dizer.
RUI KNOPFLI
O Preto no Branco, Mangas Verdes com Sal
segunda-feira, 28 de abril de 2008
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4 comentários:
Por amor…
É fácil dar a vida sem perguntas nem rancor
Morres cada vez que estes lábios vais beijar
Se a luta sem medida para ter algo melhor
Por amor…
Mentes com a alma nunca com o coração
Calam-se as palavras e contornas a razão
Nada vale nada tudo muda de valor
Por amor…
Eu canto uma canção, conto a verdade
E sonho que os teus sonhos são os meus sonhos afinal
E no despertar, és tu a decidir
E eu também sorrio se te vejo a sorrir
Ficamos sem falar…
Meu corpo com o teu corpo repetiu sem parar
Por amor…
Dizes coisas tristes que te enchem só com dor
Podes ser cruel, e depois pedir perdão
Perde-se à partida o que outras vezes se ganhou
Por amor…
A vida vai raiando cada dia como o sol
Brilham as estrelas numa noite já sem cor
E toda as loucuras têm, uma explicação
Por amor…
Eu canto uma canção, conto a verdade
E sonho que os teus sonhos são os meus sonhos afinal
E no despertar, és tu a decidir
E eu também sorrio se te vejo a sorrir
Ficamos sem falar…
Meu corpo com o teu corpo repetiu sem parar
Por amor…
Por amor…
Por amor…
Eu canto uma canção, conto a verdade
E sonho que os teus sonhos, são os meus sonhos afinal
E no despertar, és tu a decidir
E eu também sorrio se te vejo a sorrir
Ficamos sem falar…
Meu corpo com o teu corpo repetiu sem parar
Por amor…
Eu canto uma canção, conto a verdade
E sonho que os teus sonhos, são os meus sonhos afinal
E no despertar, és tu a decidir
E eu também sorrio se te vejo a sorrir
Ficamos sem falar…
Meu corpo com o teu corpo repetiu sem parar
"Nenhum Monumento
Não são aparentes em ti as marcas da grandeza,
nenhum monumento desfigura
ou altera a monotonia sem convulsões
do teu rosto quase anónimo.
A escassez de ogivas, arcobotantes,
rosáceas, burilados portais, cobra-la tu
na gravidade das tuas sombras
e do teu silêncio. Não vem sequer
da tua voz a opressão que cerra
as almas de quantos de ti
se acercam. Não demonstras,
não afirmas, não impões.
Elusiva e discretamente altiva,
fala por ti apenas o tempo."
Rui Knopfli
...À bala hipotética, essa bala possível
que se vier, quando vier (ela há-de vir)
"A implosão da mentira- Fragmento 5
Página branca onde escrevo. Único espaço
de verdade que me resta. Onde transcrevo
o arroubo, a esperança, e onde tarde ou cedo deposito meu espanto e medo.
Para tanta mentira só mesmo um poema explosivo-conotativo
onde o advérbio e o adjetivo não mentem ao substantivo e a rima rebenta a frase numa explosão da verdade.
E a mentira repulsiva
se não explode pra fora
pra dentro explode implosiva."
Affonso Romano de Sant'Anna
Tu estás em mim
Vá onde for
Ande por onde andar
Faça o que faça
Eu faço a sonhar
Contigo a todo o momento
Se olho pró céu
São os teus olhos que vejo no azul
Se olho o luar, no seu brilho estás tu
Estás em qualquer movimento
Passo a vida a sonhar contigo
Passo a vida a pensar em ti
Eu em tudo o que faço ou digo
Que sonho ou que vivo
Tu estás sempre em mim
Passo a vida a sonhar contigo
Passo a vida a sentir-te aqui
Pois em tudo o que faço ou digo
Que sonho ou que vivo, há sinais de ti
De ti
Não sais de mim
Do pensamento e do meu coração
Eu já não sei
Se és real ou ilusão
Se estou são ou estou demente
Se olho pró sol
Na sua luz eu vejo o teu olhar
E as tuas ondas, nas ondas do mar
Mesmo sem estares, estás presente
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