ninguém te sonha o oiro do cabelo
na tela da manhã à beira-rio
impúbere ninfazinha o tornozelo
mostrando por extremo desfastio.
doente um só poeta te veria
excelsa proibida a seu desejo
descalça caminhando em fantasia
por nuvens a encobrir o próprio pejo.
os sinos de Florença dobrariam
e quatro carpideiras ergueriam
ao toque dos varais o seu lamento.
ideia te tornavas afinal
deitada numa taça de cristal
espírito abraçado pelo vento.
TIAGO VEIGA
Laura,
Seis epitáfios de John A. Symonds, sumariando seis encontros florentinos
sábado, 19 de abril de 2008
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1 comentário:
Tiago Veiga nasceu com o século e faleceu em 1988, serenamente, depois de prolongada doença, nos arredores de Paredes de Coura.
Mário Cláudio é o responsável pela publicação dos "Sonetos italianos de Tiago Veiga" (Colecção Terra Imóvel, Asa Editores, n.º 9) e, na apresentação, diz o seguinte:
"Aparecido, com o século, na mesma povoação onde viria a extinguir-se, de um minhoto da área de Castro laboreiro e de uma irlandesa de Dublin, frequentaria o Royal Naval College, em Greenwich, permaneceria algum tempo em Portugal, abalaria para a Guiné, em mil novecentos e trinta e um, integrando uma brigada de luta contra a doença do sono. A partir de finais de trinta e quatro, fixa-se em Kilrush, na República da Irlanda, dedicando-se, desde então e exclusivamente, à obra que nos deixou, graças ao apoio de alguns amigos, que haviam formado o círculo de W. B. Yeats, poeta este de cujo punho restam, no espólio de Veiga, mais de centena e meia de cartas."
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