Cadeias de vermelhos laços
Prendiam-nos trocado olhar
Como se grinaldas de braços
Onde nos queríamos amarrar.
Cada gesto meu não me pertencia
E desprendias-te do teu por igual,
Inventando uma dança em fantasia
Que de dois seria, um arranjo floral.
Deixa beijar-te o gesto sem tocar a mão
Roubando do poeta os ditos d’encantar,
Que assim, o que se te toca é o coração;
E no céu, só se sentem saudades a voar.
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3 comentários:
"Não há céu que me queira depois disto,
Nem deus capaz de ouvir-me.
Um homem firme
É firme até no céu,
E até diante
Do Criador!
É o que eu diria se, ressuscitado,
Fosse chamado
A depor!"
Miguel Torga
.."Mas não falava Ramos Rosa de «aventura da pureza poética» e não dizia Ruy Belo, autor de alguns dos melhores ensaios sobre poesia contemporânea escritos em Portugal, que a poesia é, sempre, uma «aventura da linguagem»?"
In Gastão Cruz, A Poesia Portuguesa Hoje
2.º edição, pp. 221-224
Lisboa: Relógio d’Água, 1999
.
"Sexta - feira à noite
Os homens acariuciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta - feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pénis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta - feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado."
Mariana Colasanti
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