sexta-feira, 4 de abril de 2008

Ao Sol, uma felicidade possível

Ia até ao mercado vender cebolinho,
Logo de manhã, a compitar a aurora
Nos tempos mortos fazia d’adivinho
Entretendo a vista, esperando a hora

Lia os traços nas mãos dos mancebos
Dizia baixinho o que tinham de sorte
Guardando-as na vista e nos enlevos,
Medrosa de destapar rasgos de morte

Até que um dia, estava a feira deserta
Veio um rapaz de olhos cor de laranja
E ela, encadeada no Sol, logo desperta
Disse, Contigo meu coração se arranja

Ficou uma história feliz, vejam só…
Felicidade antes parecida impossível
Pois debaixo do Sol aquece-se o dó,
A confundir o obscuro no que é visível

7 comentários:

Anónimo disse...

"Lia a sina a cada um
Na palma de cada mão;
Não desgraçava nenhum,
Nem lhe tirava a ilusão.
Toda a donzela paria,
Todo o homem navegava;
E nem a moça sofria,
Nem o rapaz naufragava.
Um amigo em cada linha,
Um triunfo em cada dedo;
Nos seus lábios ia e vinha
A reserva dum segredo.
Não se mostra uma paixão
Tal e qual, à luz do dia;
Cobre-se-lhe o coração
Da rede duma ironia.
Mas quem tem penas no peito,
Entende acenos discretos;
Sabe ficar satisfeito
Com afagos indirectos.
em toda a grande praça
A multidão que a enchia
Vivia daquela graça
E do bem que repartia.
Porque nascera cigana,
Sem fronteira no sorriso,
A sua palavra humana
E ali, mulher, o mostrava
A quem, crédulo o comprava
Pelo preço que valia."

Miguel Torga

Anónimo disse...

"Muito contra o meu desejo,
sem lhe querer dizer porquê,
finjo sempre que não vejo
quem finge que me não vê..."

António Aleixo

"A confundir o obscuro no que é visível"

Anónimo disse...

-"Ficou uma história feliz, vejam só…
Felicidade antes parecida impossível
Pois debaixo do Sol esquece-se o dó"

Puro engano!
"Não se mostra uma paixão
Tal e qual, à luz do dia"

Anónimo disse...

"Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela."

Albert Einstein

...."Felicidade antes parecida impossível"

Anónimo disse...

Fica melhor o dó aquecido, sem dúvida (sem dúvida)

O sentido não era de encobrimento

Anónimo disse...

O "sem dúvida" não é sem dúvida. Claro.

poesia!!!!!!!!!!!

Anónimo disse...

Menino franzino,
quase pequenino,
pequenino, triste,
neste mundo só…

Menino, desiste
De que tenham dó!

Desiste, menino,
Que o mundo é cretino…
Deixa o teu violino,
Toca o sol-e-dó.

Cada teu suspiro
Cai ao chão no pó…
Canta o tiro-liro
Tiro-liro-ló.

Deixa o teu violino,
Que não te é destino.
Desiste, menino,
De que tenham dó!

Menino franzino,
Triste e pequenino,
Pequenino e triste,
Neste mundo só…

Menino, desiste!
Toca o sol-e-dó.
Canta o tiro-liro, repipiro-piro,
Canta o repipiro, tiro-liro-ló.

José Régio

"Sem dúvida,POESIA!!!"