quarta-feira, 19 de março de 2008

em cada dia, Pai

Foi naquele largo abraço forte que doía
Em que me apertaste ao mundo inquieto
(Na tarde em que o teu pai suave partia)
Que me senti inteiro teu filho completo.

Três rugas na testa são produto meu
Aquelas que do Toni não careceram
Talvez de confundir o chão e o céu
E as coisas que sempre se nos erram

Mas sei que tê-las é um gosto teu
Sulco da honra ensinada a partilhar
E que fazendo crente qualquer ateu
É pão e rosas que me obrigo a cuidar

Todo o mundo que hoje vejo nem existe
Não sei se é feito em forma de realidade
É fruto só teu, imenso ser que me persiste
E me lembra em cada instante: Liberdade.

Podia rimar-te ali o verso com Bondade
Que sempre tens no coração assim fazer
Nem mentiria se escrevesse ali Verdade
Mas na liberdade gosto de te agradecer.